Na quarta-feira (18) a TV Bandeirantes, em seu Jornal da Band, denunciou que o programa Mais Médicos, promovido pelo governo Dilma Rousseff (PT) em 2013, teria sido criado com o propósito inicial de beneficiar economicamente o governo de Cuba.
Na gravação de uma reunião ocorrida entre membros do Ministério da Saúde e da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), obtida por um jornalista da emissora, uma assessora demonstra preocupação em esconder que a intenção do Mais Médicos seria ajudar o governo cubano.
“Eu acho que não pode ter o nome governo de Cuba porque senão vai mostrar que nós estamos driblando uma relação bilateral”, esclareceu a então assessora do “Mais Médicos” na Opas, Maria Alice Barbosa Fortunato, nas gravações divulgadas pela Band.
Leia também:
• Lava Jato investiga Sabesp, Metrô e trensalão tucano
• Manifestação contra governo reúne mais de 2 milhões em todo Brasil
• PAC 2 tem somente 22,6% de obras da saúde concluídas, segundo Contas Abertas
Para camuflar o acordo com Cuba, a assessora teria proposto uma pretensa abertura à associação de profissionais de outros países, mas que na verdade contariam com apenas 0,13% da receita destinada ao programa.
Outra questão abordada pelos assessores foi sobre qual seria o salário a ser pago aos médicos cubanos. Na gravação, o representante do Ministério da Saúde, Alberto Kleiman, declara que quem determinou o valor do salário foi o assessor internacional da Presidência, Marco Aurélio Garcia. “Sessenta (por cento) para o governo e 40 (por cento) para o médico”, disse Kleiman na gravação.
A representante da Opas, no entanto, discordou. “A relação é do governo deles, eles que decidem. Não é a gente que vai interferir nisso”, disse ela.
O Tribunal de Contas da União (TCU), após analisar os documentos que fundamentaram o acordo, sinalizou a falta de transparência na associação entre a Opas e o governo brasileiro na questão do “Mais Médicos”. Segundo o TCU, a Opas/OMS vem invocando imunidade de jurisdição para não atender às audiências públicas bem como para negar a apresentação de documentação referente ao convênio com Cuba.
O CFM (Conselho Federal de Medicina) disse que vai exigir a apuração das denúncias.
Assista ao vídeo com a reportagem da Band: