Grandes protestos forçam demolição de fábrica química em cidade chinesa

03/11/2012 08:15 Atualizado: 02/11/2012 13:15

Por vários dias, moradores da cidade de Ningbo, província de Zhejiang, têm protestado contra os planos de uma fábrica química que produz p-xileno em Ningbo, condado de Zhenhai. (Weibo.com)

Residentes de uma província costeira chinesa tentaram bloquear a expansão de uma fábrica de produtos químicos recentemente, com protestos em massa durante vários dias, apesar da dura repressão policial e do apagão da mídia.

O protesto recompensou no domingo, quando as autoridades anunciaram que cancelariam o projeto.

A usina, proposta para ser construída em Ningbo, uma grande cidade portuária no Leste da província de Zhejiang, é uma subsidiária da Corporação de Petróleo e Química da China, uma grande empresa petrolífera estatal que faz para-xileno, um perigoso solvente industrial. O Centro de Controle de Doenças dos EUA observa, “NÃO deixe que este produto químico entre no meio ambiente.”

Os protestos, durante os quais a polícia disparou gás lacrimogêneo contra milhares de moradores, começaram em 21 de outubro e prosseguiram até a noite do dia 28.

A BBC informou que as autoridades concordaram em suspender a ampliação da fábrica, embora os cidadãos tenham recebido a notícia com desconfiança, segundo a Associated Press. “Há muito pouca confiança pública no governo”, disse a manifestante Liu Li à AP. “Quem sabe se eles estão dizendo isso apenas para nos fazer recuar e continuar o projeto”, acrescentou Liu Li.

Um residente local chamado Liao disse ao Epoch Times, “Não queremos indústrias químicas em Zhenhai. Já há empresas químicas em toda Zhenhai e agora as autoridades estão permitindo outra indústria tóxica entrar. Não há maneira de nós sobrevivermos assim. Também temos de pensar em nossos filhos!”

Testemunhas descreveram uma cena perigosa. Um manifestante que foi preso em 24 de outubro disse ao Epoch Times, “Os manifestantes em frente do governo distrital exigiram falar com as autoridades. Apenas um chegou para falar conosco e bloqueamos o tráfego na frente da administração do governo. Posteriormente, eles ordenaram que a polícia nos expulsasse. Mais de 200 policiais vieram. Eles prenderam 14 pessoas às 15h de 24 de outubro, sete homens e sete mulheres. Muitos foram feridos. Dos presos, cinco foram liberados sob fiança. Não sabemos onde estão os outros nove. A polícia de choque foi violenta. Quando resistimos à prisão, eles nos espancaram.”

A polícia militar apareceu na noite de 28 de outubro, um dia após o regime anunciar que a usina seria desmantelada. (Weibo.com)

O manifestante continuou, explicando o tratamento recebido, “Há muitas contusões sangrentas em meu pescoço. Meus lábios estavam sangrando. A polícia apertou minha cabeça e me forçou a agachar no chão. Forçaram-me numa viatura. Comecei a vomitar por causa da lesão em minha cabeça e ninguém fez nada. Eles não me permitiram falar ou fazer chamadas telefônicas. Mais tarde, eles me detiveram na Delegacia de Polícia Luotuo”, disse o manifestante.

Manifestantes exibiram faixas em 25 de outubro, dizendo, “Queremos viver, proteger nossas casas e expulsar o veneno. P-xileno saia de Zhenhai. Dê-nos uma cidade limpa!”

Dai Jianwei, um ativista democrático de Ningbo, disse à emissora NTDTV que a multidão era pacífica em 27 de outubro e que alguns residentes de meia-idade e idosos foram contar à polícia sobre os perigos do p-xileno, especialmente para as crianças.

Quando o jornalista britânico Angus Walker da ITV News chegou, os moradores se reuniram ao redor em apoio. (Weibo.com)

O Sr. Hu, um lojista próximo do centro dos protestos, disse ao Epoch Times que viu dezenas de milhares de manifestantes nas ruas. “Todo mundo está cantando, ‘PX saia de Ningpo, queremos viver, queremos ser saudáveis’”, disse Hu. Ele disse que a mídia estatal não informou qualquer dos distúrbios e as autoridades disseram às pessoas que serão demitidas por participarem dos protestos. Hu foi preso, segundo fontes do Epoch Times.

Os manifestantes aplaudiram e choraram quando viram o repórter inglês Angus Walker, um jornalista da ITV News, no local, segundo uma postagem no Weibo que mais tarde foi bloqueada.

“Eu só estava lá. Quando a mídia estrangeira apareceu, aplausos duraram muito tempo e um monte de gente, incluindo um militar a 30 metros de distância, tinha lágrimas nos olhos”, conforme escreveu um residente local no Weibo.

Outro internauta de Shanghai escreveu, “Quando o povo chinês cumprimenta os jornalistas estrangeiros em lágrimas e pede a ajuda ao ‘exército estrangeiro’ para salvá-los, nossa indústria midiática está morta e nosso governo também.”

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