Um ‘grande tigre’ derrubado na China, vários outros na fila de abate

15/08/2014 14:49 Atualizado: 15/08/2014 14:49

De acordo com uma regra não escrita do Partido Comunista Chinês, o ex-chefe da segurança pública e membro do Comitê Permanente do Politburo, Zhou Yongkang, deveria ser poupado de qualquer tipo de investigação de “anticorrupção”. Mas ele é um alvo do regime agora, e mais cinco membros do Comitê Permanente estariam também em apuros.

Após meses de rumores que Zhou já estava sob prisão domiciliar, uma investigação formal por suspeita de “graves violações disciplinares” foi anunciada em 29 de julho, fazendo dele o maior “tigre” – ou os funcionários do alto escalão do Partido Comunista Chinês (PCC) – de todos os já investigados na campanha do atual líder chinês Xi Jinping.

Posteriormente, o People.com.cn, uma mídia porta-voz do regime chinês, comentou que derrubar este grande tigre não era o fim da campanha. O artigo foi tirado do ar poucas horas após ser publicado, mas observadores interpretaram sua publicação como um sinal significativo do PCC que uma ação ainda maior está por vir. Há mais e maiores tigres por trás Zhou.

A tradição no PCC tem sido que os membros na ativa ou aposentados do Comitê Permanente do Politburo – o pequeno grupo de homens no topo da hierarquia do PCC – recebem um tratamento especial e nunca poderiam ser incriminados ou presos.

No entanto, há mais cinco membros aposentados do Comitê Permanente que podem estar a caminho de ser purgados. Um deles, Zeng Qinghong, já estaria preso, segundo rumores.

Zhou ascendeu rapidamente nas fileiras do regime comunista chinês sob a patronagem do ex-líder chinês Jiang Zemin e tem sido um assecla principal da facção de Jiang. Sua queda se segue a de vários outros membros do alto escalão do regime que também compõem a facção de Jiang, incluindo Bo Xilai, um ex-membro do Politburo; Jiang Jiemin, um executivo na indústria estatal do petróleo; e Xu Caihou, o ex-vice-comandante das forças armadas da China.

Esta série de expurgos políticos está aniquilando os apoiadores e aliados de Jiang Zemin, e extirpando o poder que eles detinham. De acordo com membros do PCC, Jiang e sua facção se opuseram a Xi Jinping de várias maneiras, e inclusive tentaram assassiná-lo.

A facção de Jiang tem lutado para recuperar o poder porque teme ser responsabilizada pelos crimes cometidos durante a perseguição de 15 anos à prática espiritual do Falun Gong, dizem fontes informadas no PCC. Jiang agora também temeria ser processado.

Reportagens recentes da mídia sugerem que Jiang tem motivo para se preocupar. O Financial Times informou que Xi Jinping iniciou uma investigação anticorrupção em Shanghai, onde a facção de Jiang está baseada. A Agência Central de Notícias de Taiwan informou que a campanha anticorrupção está se voltando contra a base de poder de Jiang Zemin.

O jornal Apple Daily de Hong Kong informou que a família de Zeng Qinghong está sob investigação por envolvimento no caso de Zhou. Relatórios de várias direções apontam diretamente para Zeng Qinghong e Jiang Zemin – um aliado e o verdadeiro chefe de Zhou Yongkang, respectivamente.

Entre os ex-membros do Comitê Permanente, o ex-líder chinês Hu Jintao e ex-primeiro-ministro Wen Jiabao são aliados de Xi Jinping. Os confidentes de Jiang Zemin são Zhou Yongkang, Zeng Qinghong, Jia Qinglin, Li Changchun, Luo Gan e Wu Bangguo, os quais foram investigados ou são susceptíveis de investigação na campanha de Xi.

Zeng Qinghong

O Epoch Times informou no início de julho que o ex-vice-presidente do Comitê Permanente, Zeng Qinghong, a segunda figura mais importante da facção de Jiang Zemin, havia sido preso e estava sob investigação secreta do PCC.

Ex-chefe do monopólio estatal do petróleo na China e um dos cabeças dos serviços de inteligência do regime, Zeng foi o principal assessor de Jiang e tem desempenhado um papel importante nas lutas entre Jiang e seu sucessor Hu Jintao, e entre Jiang e Xi Jinping.

Zeng aconselhou Jiang sobre a perseguição ao Falun Gong e não poupou esforços para ajuda-lo a brutalizar os adeptos da disciplina espiritual, segundo fontes no PCC.

Escândalos envolvendo Zeng foram recentemente divulgados, aumentando as especulações de que o terreno está sendo preparado para um anúncio formal de que Zeng está sob investigação.

Jia Qinglin

Em 11 de julho, foi amplamente comentado na mídia online chinesa que Jia tinha sido detido.

O grande escândalo de Jia foi seu envolvimento no maior caso de contrabando na China. No entanto, porque Jia ajudou Jiang Zemin a perseguir o Falun Gong, ele evitou todas as consequências do caso.

Jia se tornou um membro do Comitê Permanente em 1997. Durante sua gestão como secretário do Comitê Municipal do PCC em Pequim (1999-2002), Jia esteve diretamente envolvido na perseguição ao Falun Gong.

O caso Xiamen Yuanhua emergiu em 2000. Mais de 600 funcionários da Yuanhua foram investigados quando as atividades do sindicato Yuanhua atingiram proporções épicas de corrupção e um valor de cerca de 53 bilhões de yuanes (US$ 6,4 bilhões).

Jia pretendia renunciar, mas Jiang se recusou a permitir e em vez disso promoveu-o a presidente da Conferência Consultiva Política Popular. Jiang disse que ele estaria acabado se Jia deixasse o cargo. Jiang usou Jia, e Jia protegia Jiang.

Li Changchun

Após Li Changchun servir como o número dois do PCC na província de Henan entre 1990-1992, Jiang começou a promovê-lo rapidamente nas fileiras do regime, depois que Li lisonjeou Jiang e ganhou sua confiança.

Jiang promoveu Li ao Comitê Permanente em 2002, colocando-o no comando da propaganda e ideologia. Nessa posição, Li dirigiu uma campanha de propaganda para difamar o Falun Gong e procurou desacreditá-lo diante do povo chinês. A propaganda de Li e o sistema repressivo de “manutenção da estabilidade” de Zhou Yongkang trabalharam em conjunto para implementar a perseguição.

No seu auge, Li foi a quinta figura mais poderosa no Partido Comunista Chinês. Desde 2012, no entanto, escândalos envolvendo a família de Li têm sido divulgados, com notícias sobre a riqueza ilícita de seus filhos aparecendo continuamente nas manchetes da mídia.

Luo Gan

Em 21 de julho, o maior motor de busca da internet chinesa, o Baidu, removeu a censura para as palavras “Luo Gan perseguição”. Isso tornou público os crimes de Luo Gan e da “Agência 610”, uma organização extralegal criada por Jiang Zemin com a finalidade específica de exterminar o Falun Gong.

Luo é outro funcionário do alto escalão que faz parte da facção de Jiang e está diretamente envolvido no planejamento e execução da perseguição. Seguindo ordens de Jiang Zemin; em 2000, Luo organizou uma perseguição nacional ao Falun Gong.

De acordo com fontes no PCC, Luo Gan também esteve envolvido na encenação forjada de “autoimolações” em 23 de janeiro de 2001, que visavam a desacreditar o Falun Gong aos olhos do público.

Nunca houve mais de sete membros do Comitê Permanente em atividade até o 16º Congresso Nacional do PCC em 2002. Às vésperas da aposentadoria, Jiang expandiu o Comitê Permanente para nove assentos, inserindo seus partidários para assegurar sua influência e poder. Luo deveria se aposentar da chefia do aparato de segurança interna da China, mas Jiang promoveu-o para o Comitê Permanente.

Luo Gan foi processado em mais de 30 países ao redor do mundo por tortura, genocídio e crimes contra a humanidade devido ao seu papel na perseguição ao Falun Gong.

Wu Bangguo

Wu era o número dois do PCC em Shanghai quando Jiang era o chefe local do PCC. Ele se aposentou como presidente do Comitê Permanente do Congresso Popular Nacional em 2013.

Como outros associados próximos a Jiang, ele ascendeu rapidamente nas posições de poder. Ele se tornou chefe do PCC em Shanghai e em seguida membro do Comitê Permanente do Politburo em 2002.

A família de Wu teria acumulado centenas de bilhões de yuanes com a ajuda de Jiang. Em 2012, após o primeiro movimento contra a facção de Jiang ocorrer – o expurgo de Bo Xilai –, a mídia em língua chinesa começou a publicar informações sobre escândalos envolvendo a família de Wu.

Shi Zangshan, um especialista em China baseado em Washington DC, disse: “Neste momento sensível, relatórios negativos sobre Wu Bangguo emergiram. É muito provável que [o PCC] esteja exigindo que Wu Bangguo escolha uma lado. Se ele fizer a escolha errada, ele acabará como Zhou Yongkang. Muita de sua corrupção virá à tona antes que ele seja forçado a se demitir.”