A Câmara dos Deputados divulgou na noite desta terça-feira (20) a lista com os parlamentares da Casa que vão compor a CPI mista (formada por deputados e senadores) para investigar as irregularidades envolvendo a Petrobras. O PT, que tinha direito a duas vagas entre os 16 deputados que vão integrar a comissão, foi o único partido que não apresentou nomes. O prazo para os partidos apresentarem as indicações terminava nesta terça-feira.
A decisão petista de não fazer indicações está ligada ao desejo do partido de abrir uma CPI para investigar as denúncias envolvendo o cartel dos metrôs de São Paulo e do Distrito Federal. Mais cedo, o líder do governo no Senado, Humberto Costa (PT-PE) disse que o partido aguardaria “até o fim do prazo, como fez a oposição na CPI no Senado”. A atitude foi criticada pelo líder do PSDB na Câmara, Antonio Imbassahy (BA). “Treze dias o PT teve para fazer suas indicações e não fez, provavelmente indicado pela presidente, que não quer ver investigações”, disse Imbassahy.
O clima no Congresso nesta terça foi marcado por bate-boca entre oposicionistas e governistas. A oposição estampou um cartaz com a foto dos indicados à CPI no Salão Verde da Câmara, numa tentativa de pressionar os partidos da base aliada a indicar os parlamentares. Além disso, foi colocado no ar um site com o nome dos indicados. O Pros cedeu à pressão e indicou os deputados Márcio Junqueira (RR) e Hugo Leal (RJ) como titular e suplente, respectivamente. Com isso, a comissão tem catorze dos dezesseis deputados titulares indicados, restando as vagas não indicadas pelo PT. Os nomes restantes, incluindo os de senadores, devem ser agora indicados pelo presidente do Congresso, Renan Calheiros (PMDB), que tem atendido o desejo da base governista, sob críticas da oposição.
Durante sessão a parlamentares, ele afirmou que isso deve ocorrer na terça da semana que vem. Com isso, a CPI mista da Petrobras pode ter sua primeira reunião no dia seguinte, 28 de maio. A oposição criticou a decisão, pois queria que a comissão fosse criada já nesta quarta-feira. Renan, no entanto, afirmou que iria repetir o prazo final dado à CPI do Senado, onde quem não indicou nomes foi a oposição, em protesto ao amplo controle da base do governo.
A CPI mista da Petrobras será composta por um total de 32 parlamentares, sendo 16 deputados e 16 senadores. Os deputados já indicados são: Eduardo Cunha (PMDB-RJ), Lucio Vieira Lima (PMDB-BA), Carlos Sampaio (PSDB-SP), Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), Bernardo Santana de Vasconcellos (PR-MG), Júlio Delgado (PSB-MG), Rodrigo Maia (DEM-RJ), Fernando Francischini (SD-PR), Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP), Rubens Bueno (PPS-PR), Enio Bacci (PDT-RS), Eduardo Sciarra (PSD-PR), Guilherme Campos (PSD-SP) e Márcio Junqueira (Pros-RR). Entre os suplentes estão: João Magalhães (PMDB-GO), Sandro Mabel (PMDB-GO), Izalci (PSDB-DF), José Otávio Germano (PP-RS), Aelton Freitas (PR-MG), Alexandre Roso (PSB-RS), Onyx Lorenzoni (DEM-RS), Simplício Araújo (SD-MA), Antonio Brito (PTB-BA), Eurico Júnior (PV-RJ), Marcos Rogério (PDT-RO), Marcos Montes (PSD-MG), Moreira Mendes (PSD-RO) e Hugo Leal (Pros-RJ).
Já a lista do Senado teve apenas seis dos dezesseis nomes indicados. O bloco da minoria indicou Álvaro Dias (PSDB-PR), Mario Couto (PSDB-PA) e Jayme Campos (DEM-MT) como titulares. Já como suplentes aparecem os nomes de Ruben Figueiró (PSDB-MS), Flexa Ribeiro (PSDB-PA) e José Agripino (DEM-RN). O Bloco União e Força, é comandado pelo PTB, indicou os senadores Antônio Carlos Rodrigues (PR-SP) e Gim Argello (PTB-DF). Como suplentes foram indicados Eduardo Amorim (PSC-SE) e Cidinho Santos (PR-MT). O senador Ataídes de Oliveira (TO) aparece na lista do Pros. Os dois maiores blocos do Senado, o da maioria e o do governo (comandados por PT e PMDB), não indicaram nomes, alinhados à estratégia do Planalto de esvaziar a CPI mista da Petrobras.
Essa matéria foi publicada originalmente pelo Vide Versus