A condição dos reservatórios nos estados de São Paulo, Minas e Rio é “delicada” e “preocupante”, disse a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, em encontro interministerial no Palácio do Planalto na sexta-feira (23), informou a Agência Brasil. Trata-se da pior seca nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais (região metropolitana de Belo Horizonte) nos últimos 84 anos. A reunião foi realizada com o propósito de debater a situação atual dos reservatórios e as estimativas de chuva para os próximos dias na região.
Para combater o colapso hídrico, o ministério vai desenvolver uma atuação mais “enérgica”, encorajando a contribuição do cidadão. Será feita uma campanha de informação entre a população, além da promoção de mais parcerias entre os estados e o governo federal. Paralelamente, a ministra enfatizou o acompanhamento da crise até o fim do período de chuvas, segundo a agência.
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O encontro é promovido semanalmente por especialistas do governo, mas teve desta vez a participação dos ministros para balizar as informações. Também estiveram presentes os titulares da Casa Civil (Aloizio Mercadante), de Minas e Energia (Eduardo Braga), da Integração Nacional (Gilberto Occhi), do Desenvolvimento Agrário (Patrus Ananias) e do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (Tereza Campello).
Representantes do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais, de órgãos meteorológicos e da Agência Nacional de Águas também participaram. Em 2014, os reservatórios funcionaram aquém da mínima histórica, e, este ano, estão operando abaixo do ano passado, afirmou Izabella Teixeira. Segundo ela, está ocorrendo uma vazão afluente muito inferior ao que já foi registrado numa série histórica desde 1930.
A sinalização da possibilidade de chuvas para os próximos dias, previstas nas avaliações do grupo, não são garantia de melhora para as condições de abastecimento. Há a necessidade de se confirmar se isso vai acontecer de fato, qual o volume de água que será armazenado e o quanto vai significar em termos de melhora, disse a ministra.
Segundo Izabella, os estados deverão primeiro apresentar ações emergenciais e de caráter estruturantes, para que depois as parcerias possam ser instituídas. O abastecimento da população não é atribuição do governo federal, portanto, haverá um acompanhamento de suas demandas e um amparo aos estados e municípios por parte do governo, conservando-se o monitoramento dos dados, declarou a ministra.
Nesta quarta-feira (28) será realizada nova reunião, em que cada ministério apresentará suas recomendações para preservar as condições de geração de energia, sobretudo no Rio de Janeiro. No estado de São Paulo, em três ou quatro meses no máximo, poderá haver risco ao abastecimento de água se o consumo permanecer nos parâmetros atuais e se os níveis de chuva continuarem como estão, segundo as informações apresentadas pelos participantes do encontro.
Questionada sobre se poderia haver racionamento, a ministra afirmou que só quem maneja os sistemas, os governos estaduais, pode fazer esse tipo de deliberação. Ela evitou falar sobre o limite dos reservatórios. As ações para amenizar os transtornos à população serão tomadas depois que os governadores dos três estados mais afetados apresentarem seus planos de emergência, que deverão ser antes aprovados pela presidente Dilma Rousseff.
Izabella declarou que o governo deve aprovar financiamentos e não poupará esforços para assegurar o abastecimento de água e colaborar com os projetos a serem apresentados pelos governadores e prefeitos. Dentre as providências emergenciais, por exemplo, poderá haver alteração de pontos de captação de água em rios para garantir o fornecimento em municípios que captam diretamente, o que requer financiamento de curto prazo.
A ministra afirmou ainda que a Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República deverá preparar uma campanha nacional sobre o uso correto da água.
Finalmente, Teixeira conclamou a população para que poupe água e energia. Ela alertou que os níveis dos reservatórios estão muito aquém do que é registrado desde a década de 1930. A linha de ação do governo deve ser cada vez mais baseada na racionalização do uso da água e em campanhas informativas para o cidadão.