O gigante de buscas Google afirmou que mostrará avisos aos usuários na China continental que estão à procura de um tópico que pode acionar o bloqueio da internet do regime chinês, a ação mais ousada do Google em dois anos para atrair os usuários chineses.
O Google, através de uma postagem de blogue na quinta-feira, disse que também fornecerá recomendações para termos de pesquisa alternativos. “Ao incentivar as pessoas a reverem suas consultas, esperamos reduzir estas perturbações e melhorar a experiência de nossos usuários da China continental”, escreveu Alan Eustace, vice-presidente sênior da empresa de Mountain View baseada na Califórnia, numa postagem de blogue na quinta-feira.
Ao longo dos anos, a China teve um controle estrito sobre a internet, censurando termos relacionados ao Massacre da Praça da Paz Celestial (Tiananmen) de 1989, o Falun Gong, o ativista cego chinês de direitos humanos Chen Guangcheng, rumores sensíveis, e outros termos. “Claro, se os usuários querem prosseguir com suas consultas originais eles poderão”, acrescentou Eustace.
O Google disse que depois de uma investigação cuidadosa de seus próprios sistemas, não foi encontrado nenhum problema, mas quando analisou relatórios enviados por usuários, a empresa percebeu distúrbios intimamente associados com a pesquisa de determinados tópicos.
A empresa avaliou mais de 350 mil dos termos de busca mais populares na China para descobrir quais causam mais perturbações. “Depende do termo pesquisado e do navegador, mas os usuários estão regularmente recebendo mensagens de erro como ‘a página não está disponível’ ou ‘a conexão foi reiniciada'”, disse Eustace. “E quando isso acontece, as pessoas normalmente não podem usar o Google novamente por um minuto ou mais.”
Muitos termos que acionam o bloqueio são “caracteres chineses simples e cotidianos”, cada um dos quais têm significados diferentes em contextos diferentes, disse ele. “Por exemplo, uma pesquisa para um carácter único como ‘Jiang’, um sobrenome comum, que também significa ‘rio’, causa um grande problema”, segundo a postagem de blogue. O carácter também é parte de outras pesquisas, incluindo Lijiang, que é uma cidade na província de Yunnan.
O carácter para Zhou, que significa semana, teve problemas semelhantes, disse a empresa. Coincidentemente, Jiang e Zhou também são os nomes de família do ex-líder chinês Jiang Zemin, e do czar da segurança pública chinesa Zhou Yongkang, dois membros de uma facção dentro do regime comunista chinês que está agora sob grande pressão do atual líder Hu Jintao e do primeiro-ministro Wen Jiabao.
O Google agora alertará os usuários quando digitam uma frase ou expressão que provocará um erro de bloqueio do menu ou uma mensagem de aviso. “Temos observado que a procura [pelos termos em questão] na China continental pode temporariamente interromper a conexão com o Google. Esta interrupção está fora do controle do Google”, diz a mensagem. Ele também solicitará que o usuário edite e mude seus termos de busca ou prossiga com a consulta de qualquer maneira.
Nos últimos anos, o relacionamento do Google com a China tem sido tenso, com o gigante de buscas tendo alegado em janeiro de 2010 que as contas do Gmail de ativistas chineses dos direitos humanos foram alvo de ciberataques. Depois disso, o Google disse que não censuraria termos de pesquisa na China e ameaçou retirar sua presença física do país.