Oficiais tentando evitar responsabilidade por genocídio têm todo o incentivo
Comentário
Em meio a uma tempestade política no alto círculo da liderança da China, a trama se complica em torno da alegada tentativa de golpe de Bo Xilai e do poderoso chefe das forças da segurança doméstica, Zhou Yongkang. Os dois são associados ao ex-líder do Partido, Jiang Zemin, e podem ter conspirado para derrubar Hu e Wen há pelo menos quatro anos.
Bo Xilai, o ex-chefe do Partido em Chongqing, foi demitido em 15 de março e removido de seu posto no Comitê Central e no Politburo do Partido Comunista Chinês (PCCh) em 10 de abril por suspeita grave de “violações disciplinares”. O poderoso aliado de Bo, Zhou Yongkang, o único membro do Comitê Permanente do Politburo, o grupo de nove pessoas que governam a China, que se opôs a remoção de Bo, tem sido o centro das atenções no último mês.
A suposição de que Bo Xilai e Zhou Yongkang conspiraram para derrubar o próximo líder do Partido e sua liderança não é exagerada.
Bill Gertz, um repórter da Segurança Nacional norte-americana, citou um oficial dos EUA dizendo que Wang Lijun, o ex-chefe de polícia de Chongqing que buscou asilo no consulado dos EUA em Chengdu em 6 de fevereiro, forneceu informações sobre uma conspiração de Bo e Zhou para perturbar a transição de Hu Jintao, atual líder do Partido, para Xi Jinping.
A maioria das pessoas acha fácil acreditar que Bo Xilai possa ter planejado um golpe, já que ele nunca escondeu suas ambições e tem ido a extremos tentando ganhar um assento no Comitê Permanente, até ambicionando o posto mais alto.
Mas muita gente acha difícil entender por que Zhou Yongkang tentaria um golpe.
Zhou já é um membro do Comitê Permanente, e Hu Jintao é considerado um líder fraco e incapaz. Zhou, portanto, está no topo da pirâmide de poder do Partido. Dentro de seu domínio, Zhou pode fazer o que quiser. Ele também é o chefe do aparato de segurança nacional, o poderoso Comitê dos Assuntos Político-Legislativos e, portanto, tem o poder de mobilizar mais de 1 milhão de policiais paramilitares para reprimir revoltas populares. Ele também tem um orçamento anual de 700 bilhões de yuanes (111 bilhões de dólares) a sua disposição para a “manutenção da estabilidade”.
Então, por que Zhou Yongkang ignora a oposição de outros membros do Politburo, colocando a si mesmo e os interesses de sua família e futuros de lado, e vai contra Xi Jinping, apenas para proteger Bo Xilai?
Mãos ensanguentadas
A razão simples é que Zhou Yongkang, Bo Xilai, e outros, todos têm processos de tortura e de genocídio contra eles por seus papéis na perseguição ao Falun Gong na China. Eles pertencem ao que os praticantes do Falun Gong chamam de “mãos ensanguentadas”. Para evitar serem responsabilizados legalmente, esses homens têm de se opor a Hu e Wen, pois não têm escolha.
Tanto o Presidente Hu Jintao e o Primeiro-Ministro Wen Jiabao têm sido contra a perseguição ao Falun Gong.
Liu Jing, um ex-vice-diretor da Agência 610, um departamento extralegal criado para “eliminar” o Falun Gong, disse num banquete da cúpula do Partido em 2001 que havia dois lados sobre a questão do Falun Gong, reportou o Epoch Times em 9 de abril.
De acordo com Liu, no mesmo ano, numa reunião sobre como prosseguir com a perseguição ao Falun Gong, o ex-líder do Partido, Jiang Zemin, disse que o efeito da perseguição não foi satisfatório. Para resolver o problema, Jiang queria estabelecer escritórios da Agência 610 em todos os níveis da segurança pública em todo o país.
No entanto, Hu Jintao se opôs, dizendo, “Para estabelecer escritórios da Agência 610 exigirá um número considerável de pessoal e [um grande] orçamento”.
De acordo com Liu, Jiang ficou indignado e disse a Hu, “Seu poder está prestes a ser usurpado, e você está falando de pessoal e orçamento?” Supostamente, Hu ficou sem palavras ao ouvir isso.
Os praticantes do Falun Gong têm responsabilizado as autoridades chinesas que diretamente têm sangue em suas mãos na perseguição ao Falun Gong. A distinção que fazem entre os “mãos ensanguentadas” e outros é bastante clara.
Por exemplo, quando Wen Jiabao visitou o exterior, os praticantes do Falun Gong no exterior exibiram faixas “dando boas vindas” a ele. Eles também cumprimentaram Hu Jintao. Mas, no caso de Jiang Zemin e Zhou Yongkang, faixas foram mostradas exigindo que fossem levados à justiça.
O fato de que Hu e Wen não apoiaram publicamente a perseguição ao Falun Gong desde 2003 é o suficiente para agitar Jiang. Isso significa que Hu e Wen deixaram espaço para a perseguição acabar e conquistar o povo no futuro. Mas uma vez que é necessário levar Jiang Zemin e Zhou Yongkang à justiça, Jiang pode ter determinado derrubar Hu e Wen, possivelmente desde 2003.
Tentativa de assassinato
A Revista Trend de Hong Kong publicou uma reportagem exclusiva em 15 de novembro de 2006, que disse que, enquanto Hu estava inspecionando a Marinha no Mar Amarelo em 2006, dois destroieres dispararam contra ele matando cinco soldados navais em torno dele. Hu escapou por pouco do assassinato. Ele teve de voar para Yunnan e não retornou a Pequim até uma semana depois, disse a história. Depois disso, vários oficiais de alta patente da Marinha foram eliminados. Alguns comentaristas disseram que acreditavam que era uma tentativa de Jiang Zemin de assassinar Hu.
Em 2007, pouco antes do 17º Congresso Nacional do PCCh, boatos foram se espalhando de que Wen Jiabao renunciaria. Wen teve de usar a oportunidade de uma visita a Moscou para fazer uma declaração pública, dizendo a repórteres que “continuaria a exercer o cargo”.
Estes incidentes sugerem que Hu Jintao e Jiang Zemin têm batalhado por um longo tempo.
A batalha de vida ou morte
A julgar pela recente divulgação de Bill Gertz, a alegada tentativa de golpe de Bo Xilai e Zhou Yongkang foi para autoproteção. A batalha entre os “mãos ensanguentadas” e os funcionários mais limpos é uma questão de vida ou morte.
É por isso que é provável que Hu Jintao e Wen Jiaobao certamente terão um confronto com os “mãos ensanguentadas”, representados por Jiang Zemin e Zhou Yongkang, antes do 18º Congresso Nacional.
Esta batalha crítica terá lugar ao mesmo tempo, ou após o anúncio, das acusações criminais contra Bo Xilai. Porque esta batalha diz respeito à reorganização da cúpula da liderança no 18º Congresso Nacional, e ambos os lados estão agora fazendo preparativos intensos. Eles devem estar se sentindo muito mais nervoso do que os espectadores.