Um “assobio de assinatura” formado por alguns sons específicos criam reações nos golfinhos, como um chamado, quando são emitidos
Biólogos marinhos da Universidade de St. Andrews demonstraram que os golfinhos usam alguns sons específicos chamados de “assobio de assinatura” para se identificarem com um nome individual entre o grupo.
O Dr. Stephanie Rey e o Dr. Vincent Janik fizeram experiências com a reprodução dos sons emitidos por golfinhos selvagens na costa leste da Escócia, informou a Universidade de St. Andrews em 23 de julho.
No início deste ano, em um trabalho recém publicado nas Atas da Sociedade Real, os Drs. Rey e Janik demonstraram que os golfinhos imitam os “assobios de assinatura” de seus familiares e amigos. No primeiro estudo concluíram que estes “assobios de assinatura” representam cerca de 50% dos sons emitidos pelo animal e transmitem sua identidade aos demais.
Em uma nova análise do estudo, foi observado que os animais que se comunicam através destes “assobios de assinatura”, realmente reagem a eles em sua comunicação diária. “Esta é a prova definitiva que (os assobios de assinatura) funcionam entre os golfinhos”, destaca os biólogos.
A equipe seguiu um grupo de golfinhos selvagens e gravou diversos “assobios de assinatura” dos golfinhos, utilizando um novo registro mais avançado. “Em conjunto com os resultados reportados em publicações anteriores, este novo estudo demonstra realmente que os ‘assobios de assinatura’ são utilizados como nomes”, destacam Rey e Janik.
“Nossos resultados representam o primeiro caso de identificação entre os mamíferos, proporcionando um claro paralelismo entre os golfinhos e a comunicação humana. No trabalho experimental, chegamos à conclusão de que os papagaios também são bons em aprender novos sons e utilizá-los para identificar objetos. Alguns papagaios também podem utilizar estas habilidades em sua própria comunicação. Assim, tanto os golfinhos como os papagaios apresentam interessantes vias de investigação para a compreensão de objetos e nomes no reino animal”, destacou o Dr. Janik.
O golfinho de cor cinza é a espécie mais conhecida. Vivem nas áreas próximas às zonas tropicais até as zonas de águas temperadas e em zonas menos profundas. Nas costas se unem em grupos de 20 animais, enquanto que os golfinhos que vivem no mar aberto se unem em grupos com cerca de 200 exemplares, o que proporciona maior defesa contra os numerosos perigos que há em alto mar.
Os biólogos Rey e Janik estudaram as reações dos golfinhos selvagens ao reproduzirem versões computadorizadas de assobios de assinatura de golfinhos; sendo um assobio de um animal desconhecido pelo grupo, e outro de um animal familiar ao grupo.
“Cada golfinho reagiu ao escutar a versão do computador do ‘assobio de assinatura’ do (golfinho do) grupo, porém não reagiram aos outros sons. Isto mostra que os golfinhos podem ser abordados desta forma. Funciona como um nome”, apontam os biólogos.
O Dr. King explica que estes sinais são diferentes dos de outros animais, “É sabido que os animais utilizam sons para alertarem sobre predadores ou alimentos, porém estes sons são herdados como instinto e não são influenciados pela aprendizagem. A utilização de novos sons ou a aprendizagem de rotular coisas é pouco comum no reino animal”.
“Há bons resultados que mostram a capacidade dos golfinhos em inventar novos sons, e isto tem nos levado a novos experimentos”, destacou o Dr. King.