Uma gerente de uma fábrica chinesa no Camboja foi punida por desfigurar uma foto do ex-rei cambojano Norodom Sihanouk, que morreu este mês em Pequim. Cidadãos da China continental reagiram com indignação à sentença.
Segundo o Bangkok Post, Wang Ziacha, gerente da fábrica Top World, viu trabalhadores pararem de trabalhar e se reunirem em torno de um cartaz do antigo monarca. Wang Ziacha tentou rasgar a imagem, não conseguiu e depois usou uma tesoura para cortá-la.
Os trabalhadores ficaram muito chateados pela ação de Ziacha, segundo o Post. A polícia a algemou e levou a um santuário em homenagem ao rei, onde ela foi obrigada a se ajoelhar e acender incenso em sua honra. Sihanouk morreu de ataque cardíaco em 14 de outubro aos 89 anos.
Em 23 de outubro, um tribunal cambojano a condenou. Wang Ziacha foi demitida, multada, condenada a um ano de prisão e então será banida do Camboja.
O que interessou aos chineses, no entanto, foi a reação do Ministério das Relações Exteriores da China.
O porta-voz Hong Lei disse em conferência de imprensa, “O rei Sihanouk era um grande amigo do povo chinês, ele era profundamente amado pelos cambojanos. Este comportamento é extremamente errado e será tratado de acordo com a lei cambojana.”
Internautas chineses disseram que seu governo não tentou proteger um cidadão chinês no exterior, como outros países fazem frequentemente.
Um comentário no Sina disse, “Em 1993, o estudante estadunidense Michael P. Fay foi condenado a prisão em Cingapura por pichação e outros vandalismos. O presidente Clinton apelou pessoalmente por ele. Recentemente, um cidadão chinês foi insultado por rasgar a foto do rei Sihanouk, mas o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores faz uma observação tão fria.”
“Ela não é a única pessoa que se ajoelhou, toda a China se ajoelhou!”, segundo um comentário no Weibo.
A China tratou Sihanouk com grandes honras quando ele fugiu para a China em 1970. Parte do ressentimento dos internautas expressado sobre o tratamento de Wang Ziacha era sobre a ideia de que seu governo se importava mais com ele do que com o povo chinês.
O Partido Comunista Chinês (PCC) deu ao exilado rei cuidados médicos caros e um generoso subsídio.
Um blogueiro famoso do Tianyu chamado “Os colarinhos brancos nos tempos antigos” acusou o PCC de gastar dois milhões de RMB por ano com Sihanouk na década de 1970, quando o salário médio chinês anual era de apenas 360 RMB per capita.
Dai Bingguo, membro do Conselho de Estado chinês, escoltou o caixão de Sihanouk para o Camboja dois dias depois de sua morte. Bandeiras foram hasteadas a meio mastro na Praça da Paz Celestial (Tiananmen).
A revista chinesa Caijing, de tendência reformista, fez uma crítica discreta, “É claro que somos a favor de reforçar a amizade tradicional e apoiamos a defesa do próprio território e a manutenção da integridade territorial. Mas o que nós estamos mais preocupados é com a vida e a dignidade de cada cidadão.”
Os internautas foram mais diretos ao identificarem a culpa, “Após a morte de Norodom Sihanouk, que colaborou com o Khmer Rouge para matar 300 mil chineses no Camboja, vocês previsivelmente baixaram as bandeiras a meio mastro, alegando que sua morte foi uma grande perda para o povo chinês”, comentou um internauta aos seus 20 mil seguidores no Sina Weibo.
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