A produção mundial de energia nuclear caiu em 2011 devido aos desastres ocorridos nas centrais de Fukushima Daiichi no Japão, uma menor demanda por eletricidade e custos de produção crescentes, de acordo com um relatório divulgado em novembro de 2011.
O Instituto Worldwatch, uma organização de pesquisa ambiental baseada em Washington, DC, encomendou o relatório anual.
A capacidade de produção nuclear, ou o potencial das centrais nucleares de produzir eletricidade, aumentou para níveis recordes em 2010, mas decaiu este ano, diz o relatório. A geração de eletricidade das centrais existentes caiu de 375,5 gigawatts (GW) em todo o ano de 2010 para 366,5 GW até o fim de outubro de 2011. Em 2009, a capacidade mundial foi de 370,9 GW.
Apenas em 2011, a Alemanha reduziu em 8 GW sua capacidade de produção.
“Grande parte do declínio da capacidade instalada é resultado da redução da construção de reatores ao redor do mundo”, afirmou Worldwatch. “Embora a construção de 16 novos reatores tenha começado em 2010, o maior número em mais de duas décadas, esse número caiu para apenas 2 em 2011, com a Índia e o Paquistão construindo uma central nuclear cada um.”
Durante os primeiros 10 meses deste ano, 13 reatores nucleares foram encerrados diminuindo o número de reatores para 433 ao redor do mundo.
“É demasiado cedo para concluir que a energia nuclear está no princípio de um declínio de longa duração, mas estes números dificilmente são encorajadores para a indústria”, disse Robert Engelmen, presidente do Worldwatch.
“O alto custo da geração elétrica nuclear e a percepção geral do público de que esta representa um fator de risco inaceitável faz com que seja improvável que este tipo de energia seja a solução em curto prazo para abrandar as alterações climáticas produzidas pelo homem ou sirva de alternativa a elevação do custo dos combustíveis”, acrescentou ele.
Nos últimos dois anos, a China construiu 10 das 16 novas centrais nucleares no mundo e não é provável que vá abrandar, disse o Worldwatch. O país precisa “suprir sua crescente demanda energética”, sendo assim, é pouco provável que abrande sua produção energética nuclear, diz Matt Lucky, autor do relatório do Worldwatch.
Contudo, a Alemanha e a Suíça anunciaram planos para eliminar por completo as centrais nucleares depois do desastre de Fukushima, o que provavelmente contribuirá para o futuro declínio no crescimento da indústria.
Um relatório da Agência de Energia Atômica Internacional (AEAI) e da Agência de Energia Internacional (AEI) da ONU, no final de novembro de 2011, concluiu que a energia nuclear vai continuar a desempenhar um papel de destaque na geração de eletricidade, apesar do desastre de Fukushima. Estima-se que o total de energia nuclear gerada cresça mais de 70% até 2035.
O relatório da AEAI diz que pode ser indesejável para muitos países abandonarem a energia nuclear, uma vez que isso aumentaria o preço da eletricidade, enquanto tornaria mais difícil lidar com as alterações climáticas.
“De modo geral temos assistido a muita reflexão sobre a energia nuclear, mas não temos visto uma retração mundial da mesma”, disse o economista chefe da AEI, Fatih Birol, durante o seminário World Energy Outlook 2011, ocorrido em Viena em 24 de novembro de 2011, de acordo com um comunicado da AEIA.