O mundo está em guerra, apesar da aparente atmosfera ilusória de paz. As guerras atuais são localizadas, mas com potencial destruidor sobre povos que nada podem fazer, a não ser chorar seus mortos, principalmente idosos e crianças. Na Faixa de Gaza, o número de crianças palestinas mortas é inaceitável e assustador, comparando com as perdas de guerreiros dos dois lados do conflito árabe e israelense.
Na Ucrânia o governo de Kiev ataca com armamento pesado a auto-proclamada república separatista rebelde de Donetsk, região de maioria russa. As tropas ucranianas se aproximam do centro da região e já há milhares de mortos, desabrigados e feridos, decorrentes dos ataques genocidas que atingem sempre a população desprotegida. O exército ucraniano pretende tomar a cidade de Donestk e depois se concentrar na retomada da Crimeia em poder dos insurgentes russos. Mais um drama humanitário em meio aos que ocorrem no norte da África e no Oriente Médio.
Na Síria, país em estado de calamidade devido à guerra pelo poder central ocupado pela família dos Assad por mais de 60 anos, transformam cidades históricas em ruínas pela ação das bombas oferecidas pelos vizinhos aos insurgentes. O controle da Síria está sendo disputado pelos alauistas da família Assad de um lado e do outro, o ISIS (combatentes estrangeiros e jihadistas radicais), uma frente de rebeldes composto pelo Exército Livre da Síria e pela Frente Islâmica de maioria salafista, grupo religioso que se opõe aos alauitas.
No Iraque, os jihadistas
No Iraque, a frente de batalha não difere muito do drama sírio. O grupo islâmico radical formado pelo ISIS atravessou a fronteira vindo da Síria, tomando a cidade de Mossul, e se dirige rapidamente em direção à capital curda, uma região autônoma no norte do Iraque. Os jihadistas radicais islâmicos já dominam várias cidades do país: Mossul e Tal Afar na região norte, Tikrit no centro, Rutba próximo à Jordânia e Falluja a poucos quilômetros de Bagdá, dominada pelo governo controlado pelos xiitas.
Os jihadistas do ISIS estão praticando o genocídio em massa contra os cristãos yazidis. Nos últimos dias 700 yazidis foram assassinados de maneira bárbara, geralmente cortam as cabeças daqueles que não aceitam a conversão para a religião islâmica. Esse grupo genocida se autoproclamou como o novo califado na região norte do Iraque. De Allepo, centro econômico e financeiro da Síria até a província petrolífera na cidade de Mossul no Iraque, o grupo rebelde ligado a Al Qaeda domina toda a região e se aproxima perigosamente da área controlada pelos curdos. Logo depois tencionam travar a batalha final em direção a capital Bagdá, para desalojar do poder a maioria xiita.
Os países que financiaram os insurgentes na Síria e no Iraque, notadamente o Qatar e a Arábia Saudita estão literalmente apavorados, o tiro saiu pela culatra. Se o ISIS sair vencedor da mãe de todas as batalhas, o califado terá poder suficiente para tentar destruir todos os reinos seculares do Oriente Médio. Uma prova do medo desses países se comprova com a entrada no conflito dos Estados Unidos, que já atacam os rebeldes do ISIS com artilharia pesada para impedir o avanço contra o reduto Curdo.
Erros do passado
Na frente política, os americanos conseguiram substituir o primeiro ministro xiita do governo de Bagdá colocando no lugar um xiita moderado e disposto a agregar ao governo a minoria sunita e os curdos, para juntos aos xiitas lutarem para expulsar os invasores.
Não está sendo fácil o controle do mundo pelas potências ocidentais, diante de tantos erros praticados no passado, principalmente na era do ex-presidente americano George W. Bush e de seu parceiro Tony Blair, ex-primeiro ministro da Inglaterra, cujas tropas dos respectivos países invadiram o Iraque em 2003 e depois enforcaram o ditador iraquiano Saddam Hussein.
Desarrumaram o quadro político ao desestabilizarem os governos da Líbia e da Síria na esteira da Primavera Árabe e agora são obrigados a enfrentar um inimigo muito mais perigoso e devastador, disposto a tudo para controlar os poços de petróleo do Iraque e as cabeças e mentes dos cidadãos do Oriente Médio. O inusitado da situação é tão evidente, que os Estados Unidos pediram o apoio do Irã, inimigo mortal da potência americana, para que pudessem influenciar o governo xiita do Iraque a comporem um ministério de coalizão, no afã de lutarem contra o inimigo comum, o grupo genocida radical jihadista do Estado islâmico.
Nada será como antes, pois se vislumbra um cenário de guerra civil gerador de novas fronteiras, como queriam potências do século XX, cujo lema “dividir para governar” foi colocado em prática com relativo sucesso. O fim dos impérios Alemão, Otomano, Austro-húngaro e Russo como legado da Primeira Guerra Mundial demonstrou que a melhor política é dividir as nações para colonizar seus povos com perfeição e menor custo.
A sorte está lançada.
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