General venezuelano foge para os EUA e pede socorro à ONU

19/05/2015 07:00 Atualizado: 18/05/2015 23:45

O general dissidente venezuelano Antonio Rivero, que se manteve escondido por 11 meses, fez uma aparição pública nesta quinta-feira (14) em Nova York para pedir o amparo da ONU, conforme reportagem do site Mídia Capital.

General de brigada aposentado, Rivero estava escondido para escapar da caçada realizada por autoridades venezuelanas, desde que Nicolás Maduro expediu um mandado de prisão no início do ano passado, acusando-o de preparar “fascistas” para provocar uma revolta durante os protestos que agitaram o país socialista.

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Rivero disse que o Comitê das Nações Unidas para Detenções Arbitrárias intercedeu por ele em 2013 quando fora preso provisoriamente sob acusações de provocar tumultos após as eleições presidenciais. Agora, ele pede novamente para que o comitê impeça Maduro de continuar lhe perseguindo. Ele também pediu ao organismo internacional para interceder em favor de presos políticos na Venezuela.

“Eu apoio todos os órgãos internacionais que estão tentando expor a crise que se prolonga no país, especialmente as violações de direitos humanos, que tem sido uma estratégia constante deste regime para calar seus opositores,” diz ele.

Rivero desempenhava o cargo de diretor de gerenciamento de emergências do governo, mas começou a ficar alarmado com o que via como uma cada vez maior influência cubana nas forças armadas. O general Rivero disse ainda que militares cubanos aos poucos foram encarregando-se do controle de setores cruciais das forças armadas venezuelanas. “Cuba tem conhecimento do funcionamento e localização dos sistemas de defesa da Venezuela, assim como a gestão dos planos de segurança e defesa.”, declarou. Rivero se aposentou em 2010 como protesto contra estes e outros acontecimentos.

Com relação aos cubanos existentes na Venezuela, o ex-general disse que “20% desse total é pessoal treinado como milícia, como combatentes, e eles vão, basicamente, fazer o trabalho de controle daqueles cubanos que foram obrigados a ir para a Venezuela.” Rivero denunciou o regime do falecido presidente venezuelano Hugo Chávez de promover a penetração de cubanos. No ano passado, o atual presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, determinou sua prisão.

Ele se converteu em um crítico feroz do governo, e no início de 2014 apoiou as ondas de protestos na Venezuela, que ocasionaram mais de 40 mortes. Na quinta-feira, Rivero se esquivou de esclarecer como saiu da Venezuela, mas disse que prosseguirá com as críticas ao regime chavista. “Eu não estou enfraquecido. Não me sinto desanimado. Estamos do lado certo da história,” ele diz.

Em Nova York ele disse que Cuba seria um grande perigo para um possível golpe contra Nicolás Maduro, com seus jovens revolucionários treinados na ilha caribenha. Declara que há aproximadamente 20 mil cubanos na Venezuela treinados para opor-se a um possível “levante militar contra Maduro.” Em uma entrevista divulgada sexta-feira pelo jornal norte-americano “El Nuevo Herald”, Rivero declarou que quase 20% dos 100 mil cubanos que estão na Venezuela “foram treinados para a guerra“ e estão no país para ”garantir os interesses de Havana“ se as divisões das Forças Armadas Bolivarianas se rebelarem contra o governo.

As acusações de Rivero e de Leamsy Salazar acrescentam material às suposições antigas de que cubanos seriam conduzidos contra a própria vontade para trabalhar como médicos em países como o Brasil e Venezuela. O mais incômodo é que muitos desses “médicos” seriam na realidade espiões infiltrados por Cuba para manter vigilância de seus compatriotas em solo estrangeiro, frustrando deserções e declarações que comprometam Cuba e outros membros do Foro de São Paulo.

As denúncias de Salazar são gravíssimas, e colocam os governos cubano e venezuelano, dois membros do Foro de São Paulo, como operadores de um cartel de tráfico de drogas. Apesar da notícia ter sido divulgada por jornais de todo o planeta, como o Dailymail e Elmundo, a imprensa brasileira inexplicavelmente continua calada. Por aqui não se diz uma única palavra a respeito de tudo que acontece na Venezuela.