A inundação do rio Yangtzé em 1998 foi um desastre para milhões, mas ajudou a carreira de um general chinês oportunista, segundo uma postagem no blog da Caixin, uma popular revista de negócios na China.
A enchente foi transformada num jogo político pelo então líder chinês Jiang Zemin. De acordo com o “Tudo pelo poder: a verdadeira história de Jiang Zemin“, publicado pelo Epoch Times em 2005, Jiang não tinha convicção a respeito de sua autoridade sobre os militares e usou o dilúvio de 1998 para testar a obediência dos oficiais.
Esse teste foi um momento-chave na carreira do general Xu Caihou, segundo a postagem no blog da Caixin.
Xu foi o comissário político – o mais alto posto do Partido Comunista responsável pela doutrinação política dos demais oficiais – da Região Militar de Jinan. Suas tropas haviam concluído seu trabalho relacionado ao dilúvio, e a ordem de Jiang para retornar era absurda. Mas Xu obedeceu imediatamente. Jiang elogiou a pronta obediência de Xu, referindo-se a ele como um oficial-modelo.
As tropas da região de Jinan sob Xu não foram as únicas a serem mobilizadas aqui e acolá. Durante a enchente, Jiang testou a lealdade de seus oficiais despachando e realocando as tropas e troncando os comandantes independentemente da segurança das tropas e das necessidades dos civis.
A mobilização das tropas por Jiang seria parte de um plano baseado em superstição. Jiang disse ter sido aconselhado por uma leitora de I Ching que não dividisse a “veia do dragão”. Mesmo que um plano de emergência de longa data tivesse sido usado com sucesso no passado indicando que desviar o fluxo das águas para a região de Jinjiang seria a melhor solução, Jiang Zemin se recusou a dar a ordem. Em vez disso, Jiang ordenou que as tropas reforçassem os diques e inclusive foi à região do rio Yangtzé para dar ordens em pessoa e comandar as tropas no canto de marchas militares.
Os diques cederam, apesar de todos os esforços, resultando na pior inundação em 40 anos. De acordo com estatísticas oficiais, cerca de 5 mil morreram e 15 milhões ficaram desabrigados. Muitos especialistas chineses acreditam que este foi o pior desastre causado pelo homem.
Mas Xu Caihou prosperou. Ele foi nomeado no ano seguinte um membro do Comitê Militar Central – o órgão do Partido Comunista Chinês encarregado de todas as forças armadas da China – e a vice-diretor do departamento político do Exército da Libertação Popular (ELP). Em 2000, ele foi nomeado vice-secretário deste departamento.
Jiang recorreu à lealdade de Xu em 1999, quando Jiang iniciou a perseguição ao Falun Gong. Xu apoiou entusiasticamente a perseguição, e sua ascensão meteórica nas fileiras do regime comunista continuou, culminando com Xu sendo nomeado vice-presidente do Comitê Militar Central. A partir desse poleiro, Xu ajudaria a garantir a autoridade de Jiang sobre os militares mesmo anos após Jiang ter se aposentado.
A boa sorte de Xu chegou ao fim em 30 de junho, quando o Partido Comunista Chinês anunciou sua expulsão e o entregou ao sistema legal para ser submetido à corte marcial sob a acusação de corrupção.
Consagrado popularmente como o oficial militar mais corrupto da China, Xu era conhecido por vender abertamente postos militares e patentes. Este empreendimento lucrativo foi mencionado no anúncio oficial de seu expurgo por “abuso de poder por meio de clientelismo e carreirismo”.