Uma ‘oferta inicial pública’ (IPO) pode levantar o dinheiro que uma empresa precisa para crescer, proporcionar uma saída para os investidores de capital privado ou a administração pode enganar o público enquanto beneficia a si mesma.
O caso em questão é: o IPO do website chinês de microblogs Weibo Corp na NASDAQ em 17 de abril. Um analista envolvido com a empresa disse anonimamente: “Eu acho isso realmente surpreendente, mesmo para os padrões chineses… Eu nunca vi um IPO que seja uma trapaça tão flagrante como esta.”
A trapaça é a seguinte: para vender 2.923.478 (58%) das ações detidas pela administração antes do IPO, o Weibo recém-emitiu o mesmo número de ações para a Alibaba.com Ltd. (outro grande investidor do Weibo). Em seguida, ele comprou de volta da administração.
A Alibaba comprou as ações com um desconto de 15% do preço de IPO (US$ 14) e a gestão pagou o mesmo preço. Aqui surge a pergunta por que a administração estava tão desesperada para descarregar mais da metade de suas ações com 15% de desconto a um preço de IPO já reduzido. O negócio é realmente tão ruim assim? Apesar do desconto, o ganho da equipe de oito membros, três dos quais também ocupam cargos executivos no SINA, ainda abocanharam US$ 42,2 milhões (US$ 5,275 milhões para cada em média).
Nada mal para um bônus de uma empresa que teve US$ 188 milhões em receita em 2013 e que perdeu US$ 38 milhões no último ano. Mais uma vez, os números foram alterados várias vezes e as cláusulas foram enterradas no prospecto inicial:
“Após a conclusão [da IPO], pretendemos utilizar os recursos que serão recebidos da Alibaba… para recomprar certas ações e opções detidas por indivíduos que prestaram serviços para nós.” Algumas pessoas que fizeram algumas coisas. Poderiam ser estas as pessoas que estavam sentadas em 5 milhões de ações e que queriam embolsar uma grana, também conhecidos como a administração ou gestão do Weibo?
Trapaceando na IPO
Portanto, a fim de embolsar, a gestão necessitou construir uma IPO complexa com a Alibaba e o SINA. Por outro lado, observando os fundamentos, nem a empresa-parente SINA nem o Weibo realmente precisavam do dinheiro. Mas Charles Gao, que é presidente do Weibo e CEO do SINA, poderia usar seu poder para resolver isso.
Desde dezembro de 2013, o Weibo tem US$ 624 milhões em dinheiro no balanço patrimonial e outros US$ 252 milhões em investimentos de curto prazo. Isso é o dobro do dinheiro que a IPO levantou – e planos caros de investimentos que possam usar este dinheiro nem sequer estão à vista.
“Se você é parta da gestão e se sente satisfeito com sua empresa, você venderia mais da metade de suas ações antes da IPO? Você só vende quando acha que suas ações terão um desempenho ruim. Foi o que ocorreu”, disse o analista.
Ações sobem
Agora, as ações estão 45% acima desde a IPO, portanto, a gestão não atirou no próprio pé com essa manobra? Acontece que eles se prepararam para esta contingência também. Doze dias antes da IPO, eles concederam a si mesmos 1.550.000 ações-prêmio – estimadas em US$ 26,4 milhões, segundo o preço da IPO de US$ 17 – em 4 de abril.
A única forma de um futuro investidor ter descoberto sobre esse bônus teria sido verificar se houve mudanças na versão alterada do prospecto de IPO nos arquivamentos da ‘Comissão de Títulos e Câmbio dos Estados Unidos’ (SEC, em inglês).
Além das 1,55 milhões de ações que eles concederam a si próprios, a administração do Weibo está sentado num total de 17,4 milhões de ações. E mais, eles ainda podem atribuir a si mesmos 4,1 milhões de ações no âmbito do plano de incentivos atual.
Mas isso não é tudo: No curso do registro da IPO, a gestão adicionou uma provisão que este número aumentará em 10% do valor total de ações em circulação no final de 2014 – pelo menos 20 milhões de ações, tendo como base o número atual de ações em circulação.
Por fim, incluindo todas as opções e concessões de participação futuras nos próximos anos, a gestão diluirá os acionistas existentes em 22% e possuirá 18% da empresa. Bom trabalho, se eles puderem escapar com o butim.