Galo épico e favorito

11/07/2013 05:38 Atualizado: 11/07/2013 11:19
O meio-campo Bernardo, do Atlético Mineiro, na seminal da Libertadores contra o argentino Newell's Old Boys em 3 de julho de 2013. Os mineiros são apontados como favoritos da grande final contra o Olímpia, do Paraguai (Juan Mabromata/AFP/GettyImages)
O meio-campo Bernard, do Atlético Mineiro, na semifinal da Libertadores contra o argentino Newell’s Old Boys em 3 de julho de 2013. Os mineiros são apontados como favoritos da grande final contra o Olímpia, do Paraguai (Juan Mabromata/AFP/GettyImages)

Que campanha épica é a do Atlético Mineiro na Taça Libertadores da América 2013! O futebol só tem a agradecer a esse time por existir. Sim, pois qual equipe joga um futebol como joga a equipe de Cuca? Qual equipe tem trazido aos fãs de futebol tanta emoção como esse time tem trazido, fazendo jus a uma de nossas razões para amar futebol? Nem a seleção brasileira trouxe esse sentimento durante a campanha da Copa das Confederações. Os mata-matas diante do Tijuana e Newell’s Old Boys merecem ficar guardados na história, não só na do galo, mas também do futebol brasileiro. E se formos falar de um só jogador que merece ser lembrado, o nome dele é Victor.

O arqueiro atleticano merece uma estátua no Independência. Os dois mais importantes pênaltis defendidos na história do galo tiveram sua autoria, não é pouca coisa. Após a cobrança convertida por Ronaldinho, criou-se uma atmosfera incrível na qual parecia que todos os torcedores do Galo já sabiam que Victor iria defender o chute de Maxi Rodríguez. A “previsão” se confirmou e, se Victor já havia feito história no clube pegando o pênalti do atacante Riascos, do Tijuana, desta vez ele foi imortalizado e merece ser lembrado para sempre na história do galo. Com ou sem título.

O treinador Cuca também tem méritos por essa campanha. Após anos montando excelentes times pelos clubes onde passou, e também colecionando poucos títulos expressivos e muitos fracassos, o treinador mais uma vez forma uma ótima equipe. Com uma diferença: desta vez parece haver superado o estigma de derrotado e azarado e contado com uma verdadeira sorte de campeão e entrega total dos jogadores.

Suas equipes jogam sempre ofensivamente e, acima de tudo, com muita organização, sem se exporem. Isso é para poucos. Praticam o futebol mais vistoso do país, comparado ao pragmatismo de Muricy, Luxa, Felipão e Tite. Qual treinador brasileiro teria a ousadia de escalar juntos Bernard, Tardelli, Ronaldinho e Jô? Certamente, um deles sobraria na mão de outro treinador. Veremos Cuca um dia na seleção brasileira? Dirão que não possui experiência, mas já que a nossa seleção vem sendo renovada, por que não renovar também na comissão técnica? Seria uma excelente aposta.

Voltando ao galo, outro personagem que também merece destaque é o atacante Guilherme. Tão criticado e perseguido, agora é herói. Que maravilhoso é o futebol, não? Cuca bancou sua permanência e, mais uma vez, foi feliz.

As finais tendem a se tornar a cereja do bolo. O Atlético é o favorito, tem muito mais time que o Olímpia, com uma diferença técnica abissal e, além disso, fará a segunda partida em casa. O fato de que não poderá atuar no Independência, onde o time se mantém ainda invicto, pode ser prejudicial, mas não irá decidir o confronto. O Atlético não poderá ter um caldeirão como no Horto, mas a massa será maior.

No entanto, o time do treinador Ever Almeida não deve ser desprezado, pois tem camisa e tradição (é tricampeão da Libertadores) e conta com jogadores experientes e perigosos, especialmente a dupla de ataque Bareiro e Salgueiro. E assim como o galo, também eliminaram duas equipes (Fluminense e Santa Fé) também com uma dose de sorte. Portanto, olho vivo nos paraguaios. Um grande desafio para os comandados de Cuca certamente será furar a eficiente retranca do Olímpia, que tem tudo para ser implantada nas duas partidas finais – dia 17 no Defensores del Chaco e 24 no Mineirão – podendo compensar sua reconhecida inferioridade técnica.

Enquanto a decisão não chega, os atleticanos devem comemorar, e muito. O galo já fez história na Libertadores.

Rafael Souza é bacharelando em jornalismo pela UERJ, apaixonado por futebol e dono do blog Planeta Pelota

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