Futuro do ex-prefeito de Pequim parece incerto

31/07/2012 11:00 Atualizado: 31/07/2012 11:00

Guo Jinlong no 11º Congresso Municipal de Pequim do Partido Comunista Chinês em 3 de julho de 2012, em Pequim, China. (Lintao Zhang/Getty Images)Mudança inesperada para a próxima transição da liderança

O Diário do Povo, uma mídia porta-voz do Partido Comunista Chinês (PCC), publicou um comentário criticando o ex-prefeito de Pequim, Guo Jinlong, pela maneira como ele lidou com a descrença do público sobre o número oficial de mortos na forte tempestade da semana retrasada.

Guo e um vice-prefeito da cidade renunciaram em 25 de julho. O comentário no jornal criticou Guo por “ter cometido um erro” ao lidar com as consequências da tempestade.

“Na verdade, além das ‘notícias negativas’, as pessoas estão mais interessadas em como o governo lida com a notícia negativa”, afirmou o artigo do Diário do Povo. “Durante esses dias, o líder do PCC de Pequim enfatizou ‘relatar as mortes do desastre para o público no momento certo’. Só quando um relatório é feito na hora certa, com alta qualidade e precisão, isso diminuirá a sensibilização das pessoas sobre o número de mortos. Então, as pessoas serão capazes de aprender com um desastre, como disse Friedrich Von Engels.”

Um número oficial de 37 mortes foi relatado menos de 24 horas após a tempestade. Muitos em Pequim acreditam que o valor foi menor do que o número de mortos real para evitar as duras críticas sobre a infraestrutura mal conservada da cidade, incluindo um sistema de drenagem antigo que pode ter contribuído para as fortes inundações. Guo exigiu que o governo de Pequim investigasse o número oficial de mortos no dia anterior a sua demissão.

O secretário-geral Hu Jintao. (Prakash Singh/AFP/Getty Images)Em 3 de julho, numa reunião interna do PCC para os oficiais de Pequim, Guo foi escolhido como novo secretário do Partido Comunista em Pequim, uma posição vista como mais poderosa do que a de prefeito da cidade. No passado, a fim de garantir seu poder, os novos líderes da China costumavam colocar candidatos confiáveis em três posições vitais: o chefe do Gabinete Central de Segurança, o chefe da Região Militar de Pequim e o líder do PCC em Pequim. Apoiado pelo atual líder chinês Hu Jintao, a nova nomeação de Guo à liderança do PCC em Pequim marcou o passo final de Hu Jintao no controle dessas três posições. Agora, Guo perdeu sua promissora candidatura para a nova geração de líderes do Politburo, a serem eleitos no 18º Congresso Nacional em outubro.

Shi Zangshan, um especialista sobre a China baseado em Washington, disse que o momento do artigo no Diário do Povo não é acidental. “Para as mídias porta-vozes do comunismo nomearem e criticarem secretários do PCC de Pequim tem sido extremamente raro para o regime”, disse Shi. “Isso não é apenas uma decisão casual.”

A crítica do Diário do Povo lança uma sombra sobre o futuro de Guo. Conhecido como Renmin Ribao em chinês, o Diário do Povo publicava artigos com conotações comunistas pesadas durante a Revolução Cultural. Editoriais do Diário do Povo tendem a ser interpretados como um anúncio das políticas ou mudanças de pessoal.

Vários outros oficiais comunistas de alto escalão na China tiveram de deixar seus postos depois de incidentes mortais ou manuseio inadequado de desastres. Em 1988, Ding Guangen, ex-ministro das ferrovias, demitiu-se depois que muitas pessoas morreram numa série de acidentes de trem. Meng Xuenong, outro ex-prefeito de Pequim, deixou seu gabinete quando não conseguir mais esconder a propagação da epidemia de SARS em sua cidade.

Nota do Editor: Quando o ex-chefe de polícia de Chongqing, Wang Lijun, fugiu para o consulado dos EUA em Chengdu em 6 de fevereiro, ele colocou em movimento uma tempestade política que não tem amenizado. A batalha nos bastidores gira em torno da postura tomada pelos oficiais em relação à perseguição ao Falun Gong. A facção das mãos ensanguentadas, composta pelos oficiais que o ex-líder chinês Jiang Zemin promoveu para realizarem a perseguição ao Falun Gong, tenta evitar ser responsabilizada por seus crimes e continuar a campanha genocida. Outros oficiais têm se recusado a continuar a participar da perseguição. Esses eventos apresentam uma escolha clara para os oficiais e cidadãos chineses, bem como para as pessoas em todo o mundo: apoiar ou opor-se à perseguição ao Falun Gong. A história registrará a escolha de cada pessoa.