O Google Inc. disse no sábado que as autoridades chinesas de antitruste e concorrência aprovaram o movimento do Google de adquirir a Motorola Mobility por 12,5 bilhões de dólares, permitindo que o acordo passasse seu último obstáculo. O acordo deve ser selado esta semana, com o Google e a Motorola dando os passos finais corporativos para completar a fusão e trabalhar na consolidação de seus trabalhos de propriedade intelectual, smartphones e do sistema operacional Android.
O acordo Google-Motorola teve de receber aprovação de uma série de reguladores ao redor do mundo, incluindo os Estados Unidos e a Europa. Reguladores do Departamento de Justiça dos EUA e da União Europeia deram luz verde ao negócio em fevereiro, deixando em seguida Taiwan, China, e Israel aprovarem a fusão.
A China se tornou o último na cadeia de reguladores a dar aprovação ao gigante da web baseado em Mountain View e desacelerou a investigação, solicitando mais informações para uma segunda fase de revisão. Acredita-se que o atraso foi em parte resultado da ira do regime chinês depois que o Google acusou a China de estar por trás do hackeamento de seus serviços em 2010 e 2011.
Com a aprovação, acredita-se que os reguladores chineses incluíram uma condição chave para o negócio: que o Google manteria o Android gratuito e disponível para outros fabricantes de aparelhos por pelo menos cinco anos.
Em agosto de 2011, quando o Google anunciou que adquiriria a fabricante de dispositivos móveis e outros equipamentos sediada em Illinois, isso veio como uma surpresa para a indústria tecnológica, uma vez que a Motorola, um produtor em si mesmo de uma série de telefones e tablets que usam o sistema operacional Android do Google, era uma empresa muito mais antiga no setor de tecnologia.
O Google afirma que não tem nenhuma intenção de dar tratamento especial a Motorola em relação a outros smartphones que usam o Android, incluindo HTC, Samsung, e LG. A escolha do Google de comprar a Motorola deveu-se principalmente ao portfólio da Motorola de 17.000 patentes sem fio e 6.800 pedidos pendentes, que se tornariam propriedade do Google, uma vez que a fusão fosse concluída. O Google tem tentado proteger seu sistema operacional Android de processos de infração de patente por um bando de rivais, especialmente a Microsoft, Apple e Oracle.
Após o acordo, o Google seria capaz de integrar verticalmente o ecossistema da telefonia inteligente com o departamento Android do Google fazendo o sistema operacional e a Motorola fabricando o hardware. Mas o Google também tem afirmado repetidamente que não favoreceria a Motorola. No ano passado, o chefe do Android, Andy Rubin, chegou a afirmar que o Google construiu um “firewall” entre as duas empresas.
Relacionamento Google-China
Nos últimos anos, o regime chinês teve uma relação difícil com o Google. O Partido Comunista Chinês é acusado pelo Google, assim como várias empresas de segurança de internet e governos, de estar por trás patrocinando tentativas de hackeamento, e acredita-se ter feito várias tentativas de hackear a rede do Google. Algumas dessas tentativas de invasão levaram o Google a publicamente sair da China no início de 2010. Acredita-se que os pesos pesados do regime comunista Zhou Yongkang e Bo Xilai estavam por trás do hackeamento do Google, e que foram orquestrados ao nível do Politburo e pessoalmente supervisionados por Zhou e Bo.
Agora, dois anos depois, com as carreiras de Zhou e Bo em jogo durante as lutas internas atuais na liderança da China, o regime chinês parece ter pouco tempo para lidar com qualquer coisa fora de sua própria sobrevivência e da luta política, como fusão Google-Motorola. No entanto, o regime chinês pareceu tentar atrasar tanto quanto possível. Dada a conexão de Bo e Zhou a toda a saga do Google na China, é possível que qualquer pessoa ligada a seu grupo possa ter querido dar ao Google tantos problemas quanto possíveis por seu ato corajoso e público de se manifestar contra um hackeamento apoiado pelo Estado chinês.