São muitos pontos (25 no total) abordados pela pesquisa do IPEA sobre “Tolerância Social à Violência contra as mulheres”. No entanto, neste primeiro artigo tratarei apenas dos mais polêmicos até o momento, relacionados às perguntas 24 e 25. Os resultados, segundo o IPEA, podem ser retratados pelas imagens abaixo:
Bem, vamos aos fatos! Em primeiro lugar, o IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) é (como o nome diz) um instituto de pesquisas econômicas. Esta pesquisa foi relacionada às questões econômicas? Não! Por que o governo utilizou o IPEA para realizar tal pesquisa? Qual(is) a(s) motivação(ões)?
Segundo, de acordo com os gráficos, ao menos 65,1% dos entrevistados concordam (total ou parcialmente) com a pergunta 24, enquanto ao menos 58,5% concordam (total ou parcialmente) com a pergunta 25. O IPEA diz que a tendência em concordar é menor entre os jovens, moradores do Sul/Sudeste, renda superior e indivíduos de escolaridade maior. Adivinhem, “por acaso”, qual o principal público da pesquisa! Basta olhar para a imagem abaixo, com a mostra dos entrevistados e a respectiva fonte:
Sim, vocês viram direito! O IPEA efetuou a pesquisa com maioria de adultos, com escolaridade menor, renda baixa e maioria não tão grande no Sul/Sudeste. Ora, se no Sul/Sudeste a tendência a concordar é menos, isso significa que a maioria dos 65,1% e 58,5% está entre os 43,3% das demais regiões. Ou seja, não basta entrevistar apenas 3810 pessoas entre 200 milhões de habitantes e dizer que 65,1% da população brasileira concorda com uma afirmação absurda. Também é necessário efetuar a pesquisa com maioria do público justamente no perfil específico com “maior tendência” a concordar. Coincidência?
Outro fato inusitado é que 66,5% das pessoas entrevistadas são mulheres. Ora, mesmo que os demais 33,5% de homens concordassem todos com as afirmações, seria necessário que ao menos 27,8% das mulheres também concordassem. Sabendo que o nível de concordância não chega a 100%, podemos dizer que muitas mulheres, senão a maioria, concordaram com as afirmações. Outro detalhe “espantoso” é que apenas 38,7% dos entrevistados são brancos. Mas a esquerda e as feministas vivem dizendo que o homem branco e de classe média (ou alta) é o grande machista opressor (em maioria), como então uma pesquisa de maioria “não branca”, mulheres e de baixa renda alcançou tal resultado?
Sabendo também que os católicos são 65,7% dos entrevistados, frente 24,7% de evangélicos e 9,6% de ateus ou “outras religiões” , que os primeiros são os menos propensos a concordar com as afirmações (segundo o próprio IPEA) e que o evangélicos são muito propensos a concordar (também segundo o IPEA), como a pesquisa pode alcançar 65,1% e 58,5% nessas questões? Por que ninguém tocou nesses dados? Simples, porque não interessa à classe política dominante e responsável pela pesquisa, que se discutam tais dados e façamos questionamentos.
Portanto, fica claro que os dados são contraditórios e a conta não fecha. Também fica claro o exagero nas “coincidências” quanto ao público entrevistados e as contradições do próprio discurso esquerdista e feminista sobre “os grande opressores machistas brancos da classe média (e alta)”. Mas esses “detalhes” ninguém menciona.
Por fim, questiono, por que essa pesquisa ocorreu em um momento de defasagem da feminista Dilma Rousseff e durante o escândalo do caso Pasadena/Petrobras? É neste ponto que posso afirmar que as funções de tal pesquisa são mais “obscuras” do que aparenta e mais “claras” do que alguns cegos se negam a ver.
Deixo-os com a imagem da enquete do UOL que respondi em 30/03/2014 às 17h30min (final da página, do lado direito). Reparem nas porcentagens e na quantidade de participantes e comparem com as do IPEA. Um detalhe, enquanto o IPEA aborda as pessoas, a enquete do UOL respondeu quem queria “previamente” responder.
Fonte: IPEA – Pesquisa sobre “Tolerância Social à Violência contra as mulheres – 2014”
Esse conteúdo foi originalmente publicado no blog de Roberto Barricelli