Funcionário suspeito da maior fraude financeira na história da China é investigado

09/02/2015 18:46 Atualizado: 09/02/2015 18:46

O sobrinho de um ex-líder chinês estaria na mira dos investigadores anticorrupção do Partido Comunista Chinês, segundo uma série de relatos da mídia de Hong Kong recentemente.

Reportagens da imprensa de Hong Kong nem sempre são confiáveis, mas muitas vezes apresentam detalhes e vazamentos dos assuntos internos do Partido Comunista Chinês (PCC) que não podem ser reportados no continente por razões políticas. As publicações de Hong Kong também são usadas pelas facções políticas do regime chinês para enviar mensagens umas as outras e para o público.

Wu Zhiming é um alto funcionário na cidade sulina de Shanghai, que por muito tempo tem sido a base de poder da facção do ex-líder chinês Jiang Zemin, que comandou o PCC de 1989 até 2002 e lançou uma sombra sobre a política chinesa pela década seguinte.

Os editoriais dizem que Wu Zhiming e o filho mais velho de Jiang Zemin, Jiang Mianheng, estavam envolvidos num escândalo financeiro notório em 2007. O nível de fraude envolvida atinge valores astronômicos superiores a 1 trilhão de yuanes (US$ 160 bilhões), dizem os editoriais.

A revista Cheng Ming de Hong Kong informou sobre o assunto em sua última edição mensal: Wu Zhiming, atualmente o presidente da Conferência Consultiva Política de Shanghai, está sendo investigado e foi impossibilitado de sair do país.

Wu Zhiming chamou a atenção dos investigadores anticorrupção pela primeira vez no início de 2013, diz a Cheng Ming, principalmente por embolsar enormes quantias do dinheiro público num escândalo de 2007 envolvendo a manipulação do mercado de ações por meio de vendas intermediadas pelo Banco Mercantil da China.

O esquema viu as ações da empresa aumentarem 13 vezes seu preço original no prazo de dois meses antes de despencar vertiginosamente. Dezenas de milhares de pequenos investidores teriam perdido seu dinheiro, enquanto o volume de negócios nesses títulos durante o período foi de cerca de 1,2 trilhão de yuanes (US$ 192 bilhões). Corretores financeiros ganharam mais de um bilhão em taxas de negociações, enquanto Wu Zhiming e Jiang Mianheng supostamente fizeram vastas somas.

Cheng Ming responsabiliza Wu Zhiming e Jiang Mianheng pelo escândalo, chamando-o de o maior escândalo financeiro da China. Se os investigadores anticorrupção estão agora analisando esse caso, isso se alinharia com um exame mais amplo do setor financeiro na China.

O relatório também citou uma fonte na China dizendo que Wu Zhiming possui várias casas de luxo em Shanghai, uma das quais é uma propriedade de três andares que vale mais de 10 milhões de yuanes (US$ 1,6 milhão).

A imprensa oficial chinesa não respondeu aos editoriais de Hong Kong, e atualmente não há sinais evidentes de que Wu Zhiming enfrenta problemas políticos. Sua aparição mais recente foi em 28 de janeiro, quando dirigiu a cerimônia de encerramento da Conferência Consultiva Política de Shanghai.

Se Wu Zhiming é o próximo na lista de expurgo político do atual líder chinês Xi Jinping, isso não seria uma surpresa para os observadores políticos da China, uma vez que uma limpeza política mais ampla em Shanghai já está em andamento, e o fato de que muitos dos funcionários derrubados na purgação em andamento estão associados com Jiang Zemin. A carreira de Wu Zhiming prosperou com a proteção de Jiang Zemin em Shanghai, onde Wu ascendeu de um oficial de polícia na década de 1970 para os mais altos escalões da hierarquia comunista chinesa.