Engenheiro agrônomo argumenta que as ações do governo contra a desflorestação não podem resolver a raiz do problema
São Paulo, Brasil – Funciona o combate a desflorestação na Amazônia brasileira? O engenheiro agrônomo da polícia federal, Gustavo Geiser, defende que a classificação de desflorestação direcionada aos maiores municípios focaliza metas erradas e não busca a raiz do problema, de modo que as políticas de combate a desflorestação podem ser ineficazes.
O problema é que está se falando das medidas usadas hoje pelo governo brasileiro que pretendem diminuir cada vez mais a desflorestação na Amazônia.
Desde a Conferência do Clima em Copenhague em 2009, o Brasil comunicou que se responsabilizaria pela redução da desflorestação até 2020, e que deveria ser de 80%, de acordo com a política nacional sobre mudança climática.
A esse respeito, o engenheiro agrônomo Gustavo Geiser crê que as ações do Ministério do Meio Ambiente (MMA) contra a desflorestação não estariam direcionadas a raiz do problema, e que a atual fiscalização e o combate a desflorestação não têm resultados efetivos.
A maior parte das ações contra a desflorestação por parte do governo brasileiro enfocam os municípios “campeões de desflorestação”, ou seja, os municípios que tiveram mais hectares desflorestados no período.
Gustavo Geiser, que trabalha como perito criminal federal na área do meio ambiente, declara que esse tipo de ranking não funciona e deseja alertar sobre a forma superficial em que está feita a classificação das desflorestações.
Numa entrevista ao Epoch Times, Geiser falou sobre a realidade da Amazônia, onde muitos municípios são “gigantes”, e que enquanto o ritmo da ocupação humana se consolida, as áreas são divididas em municípios menores.
As ações de fiscalização estão direcionadas aos municípios que têm mais áreas desflorestadas.
É óbvio que os municípios de áreas gigantescas, como Altamira no Pará, simplesmente o maior município do mundo, costumam ter valores de desflorestação absolutos com cifras altas.
Por outro lado, as áreas onde se concentram diversos municípios pequenos passam despercebidas, ainda que no conjunto somem uma grande área desflorestada.
“Os municípios pequenos não terão um número suficiente de hectares desflorestados para figurar no topo da lista”, disse Geiser, num artigo do periódico Eco.
O engenheiro questiona o uso do termo “município” como unidade de medida aceitável. “um, por indicar falsas metas, e, dois, por não buscar a raiz do problema”, comentou ele ao Epoch Times.
Ele defende que se deveria tratar o problema da desflorestação por região, descartando o recorte por município. “Assim será possível ver a motivação econômica por trás de cada concentração de desflorestação”, afirmou o engenheiro.
Entretanto, o ambientalista citou o exemplo de metodologia por regiões, utilizado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (IBAMA), pois crê que este serviria como uma melhor maneira de estudar o porquê da desflorestação, se utilizado como base de classificação das regiões desflorestadas. Enquanto a divisão por municípios é muito confusa.
Gustavo Geiser concluiu no portal Eco que “há fontes de dados excelentes sobre a dinâmica da desflorestação na Amazônia, porém mal utilizados impedem o planejamento de políticas públicas eficazes”.