Fumantes na China aumentam em número enquanto as leis são amplamente ignoradas

27/08/2013 21:56 Atualizado: 27/08/2013 21:56
Uma chinesa em costumes tradicionais da Dinastia Qing afasta a fumaça do cigarro no Parque Beihai em Pequim (Ed Jones/AFP/Getty Images)
Uma chinesa em costumes tradicionais da Dinastia Qing afasta a fumaça do cigarro no Parque Beihai em Pequim (Ed Jones/AFP/Getty Images)

A campanha antitabagismo da China tem feito um mau trabalho no combate à maior nação do mundo no consumo de tabaco, disse o Ministério da Saúde chinês na quarta-feira passada.

O ministério pesquisou centenas de hotéis e restaurantes nas províncias de Shandong, Gansu, Xinjiang e Heilongjiang no ano passado e constatou que apenas 1,4% deles tinham sinais antitabagismo, apesar de uma proibição nacional para o fumo no interior de lugares públicos desde 2011.

90% dos fumantes nessas áreas disseram que parariam se fossem lembrados da norma, disse um diretor do ministério à mídia estatal Xinhua. “Embora a maioria do público apoie à política de áreas livre de fumo em lugares públicos, as políticas são ostensivamente ignoradas”, disse Kuang Xiaodong em seu estudo “Publicidade impressa de antitabagismo na China e os efeitos de curto prazo nos adolescentes”, publicado em 2008, atribuindo o descaso à falta de fiscalização.

Há 350 milhões de fumantes na China e o país produz cerca de 40% do tabaco do mundo sob um monopólio estatal. O tabagismo é uma atividade popular para quase metade da população masculina na China e muitos começam a fumar bem jovens.

Há maior desaprovação para as mulheres fumarem, mas elas ainda são afetadas pela fumaça no ambiente. Cerca de 83% de mais de 72 mil mulheres na China relataram exposição ao fumo do tabaco dos maridos, segundo um artigo de julho do jornal Almgest.

“Mesmo com o sinal de ‘proibido fumar’ em muitos locais públicos, os fumantes ainda agem indiferentemente”, disse um internauta da província de Zhejiang. “Parece que, por enquanto, o tabagismo não pode ser erradicado por esta campanha.”

Kuang escreveu que a política da zona livre de fumo só foi implementada em nível local, ao contrário de outras políticas nacionais, como a política do filho-único. Ele nomeou a cultura do fumo e incentivos comerciais como outros obstáculos à implementação da política.

“Basta fechar as fábricas de cigarro. Elas são todas grandes contribuintes!”, comentou um internauta de Jiangsu no Sina Weibo, uma plataforma chinesa similar ao Twitter.

A China está tentando reduzir o número de fumantes de 28% em 2010 para 25% até 2015, segundo a Xinhua. No entanto, em 2025, prevê-se que o número anual de vítimas fatais devido ao fumo será de 2 milhões, o dobro do número de 2013, escreve Kuang.

Entre quatorze países em desenvolvimento, o único país que a China conseguiu superar nos esforços antitabagismo é a Rússia, segundo pesquisas do Centro de Controle e Prevenção de Doenças da China, citado pela mídia estatal Diário da China.

Outro internauta da província de Jiangsu comentou: “Isso prova que o governo chinês não é sincero em sua campanha antitabagismo. Eles estão provavelmente negociando o bem-estar dos cidadãos por alguns impostos sobre o tabaco.”

“Vocês permitem as vendas de cigarro, mas não nos permitem apreciá-lo!”, escreveu um internauta de Guangdong. “Se vocês querem impedir as pessoas de fumar, então é só ordenar que as lojas parem de vender.”