Agnelo Queiroz era um médico baiano recém-formado, tido como idealista, que se mudou para Brasília nos anos 80, envolveu-se com atividades sindicais na Associação Nacional de Médicos Residentes. Filiado ao PCdoB, tornou-se deputado distrital em 1990, e quatro anos depois se elegeria deputado federal, o que se repetiria em 1998 e em 2002. Foi então nomeado ministro do Esporte no governo Lula e ficou à frente da pasta entre 2003 e 2006, quando se licenciou do cargo para disputar uma vaga de senador, mas foi derrotado por Joaquim Roriz.
No Ministério do Esporte surgiram as primeiras acusações de corrupção, mas no governo Lula ninguém se preocupava com isso. Na época, o PT e seus aliados viviam em lua-de-mel com o poder, num estado de êxtase absoluto, em que a impunidade era considerada absoluta e ainda nem se sonhava com o surgimento do escândalo do mensalão. Por isso, Queiroz não se incomodava em dar demonstrações claras de enriquecimento ilícito e até comprou uma luxuosa mansão às margens do Lago Paranoá, em Brasília.
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Queiroz estava sem mandato, Lula gostava dele e, como prêmio de consolação, em outubro de 2007 o nomeou diretor da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Oportunisticamente, Queiroz então abandonou o PCdoB para se filiar ao PT, já acertado para ser o candidato do partido na eleição do governo do Distrito Federal, em 2010.
Mais acusações
Na Anvisa, surgiram novas denúncias de corrupção, mas Queiroz teve apoio decisivo de Lula e conseguiu se eleger governador do Distrito Federal no segundo turno, Agnelo foi eleito no 2º turno, contra a esposa de Joaquim Roriz, que o substituiu por causa da Lei da Ficha Limpa. Era uma esperança de renovação da política de Brasília, dominada por Roriz, José Roberto Arruda, Paulo Octavio, Luiz Estevão e outros personagens de igual teor. Mas seu fracasso administrativo foi impressionante, levando a cabo a pior gestão da História de Brasília.
Além de quebrar as finanças (o que já seria de se esperar, diante do currículo que ostenta), o governador petista deixou Brasília em situação de caos absoluto, com todos os serviços públicos em estado de penúria, e foi descansar em Miami, de onde monitora o andamento do inquérito a que responde no Supremo Tribunal Federal por favorecimento de um laboratório farmacêutico no período em que esteve à frente da Anvisa.
A imprensa de Brasília, é claro, está devassando a gestão de Agnelo Queiroz, mostrando que realmente houve um verdadeiro festival de corrupção. Esta semana, reportagem de Matheus Teixeira e Isa Stacciarini, no Correio Braziliense, sobre a chamada “Farra dos Cachês”, revelou o espantoso resultado de uma auditoria da Controladoria-Geral do DF, que aponta múltiplas irregularidades em contratos para a realização de eventos musicais.
Entre 2011 e 2013, do total de R$ 221 milhões empenhados no pagamento de shows, foram constatados problemas em pelo menos 456 contratos. São pagamentos superfaturados, contratação via empresa inexistente e direcionamento de projeto de convocação.
Bem, as investigações sobre Agnelo Queiroz mal começaram, vem muito mais coisa por aí. Para o PT, porém (como costuma dizer a presidente Dilma Rousseff), são apenas malfeitos…