Foxconn admite usar crianças de 14 anos na China

18/10/2012 20:16 Atualizado: 31/10/2012 20:19
Trabalhadores colocam andaimes num edifício de propriedade da Foxconn International Holdings Ltd. em 28 de novembro de 2010 em Shenzhen, China. (Daniel Berehulak/Getty Images)

A Foxconn, a maior fabricante de componentes eletrônicos para a Apple e outras empresas, admitiu recentemente que utilizou trabalhadores com até 14 anos numa fábrica chinesa que produz peças para o Nintendo Wii U, contornando normas legais internacionais e domésticas.

Na terça-feira, o grupo de direitos ‘China Labor Watch’ (CLW) acusou o Grupo de Tecnologia Foxconn de usar trabalhadores estagiários menos de 16 anos de idade durante o verão e começou a enviar os adolescentes para a escola. Suas respectivas escolas tinham realmente enviado os alunos para trabalhar na Foxconn, mas a empresa aparentemente não verificava suas identificações.

A agência citou um relatório no qual o aluno menor de idade reclamava estar sendo forçados a trabalhar na fábrica caso contrário seria expulso da escola. Alguns disseram que a fábrica os obrigou a trabalhar todos os dias da semana, não lhes dava licença médica e os fazia trabalhar horas extras e turnos noturnos.

Após uma investigação, a Foxconn admitiu que os trabalhadores menores de idade estivessem presentes numa de suas instalações na China.

“Nossa investigação mostrou que os estagiários em questão, que variavam de 14 a 16 anos, trabalharam naquele campus por cerca de três semanas”, disse a Foxconn num comunicado obtido pela Reuters.

“Esta não é apenas uma violação da lei trabalhista chinesa, também é uma violação das políticas da Foxconn e medidas imediatas foram tomadas para retornar os estagiários para suas instituições de ensino”, diz a declaração.

A declaração disse que os jovens internos trabalhavam numa fábrica em Yantai, localizada no Norte da província de Shandong, mas não deram detalhes sobre quantos foram empregados lá.

O CLW, citando um repórter do programa chinês de rádio local “Notícias Abrangentes”, descobriu que os trabalhadores-estudantes faziam as mesmas tarefas que os trabalhadores normais na instalação e, regularmente, tinham que trabalhar horas extras e turnos noturnos. Muitos estudantes disseram que queriam voltar para a escola, mas seus professores os ameaçaram para obrigá-los a permanecer trabalhando na fábrica.

“Se vocês não fizerem esse estagiário, então, vocês não terão créditos, não receberão um diploma de graduação ou podem até mesmo ser expulsos da escola”, disse o CLW, citando a reportagem. E a Foxconn nunca permitiu que eles “acabassem seu estágio e saíssem da fábrica quando desejassem”, segundo o CLW.

Um dos estudantes, Xiao Wang, foi citado dizendo, “Eu fiz trabalho de transporte, ajudei transportando produtos. Agora, no turno da noite, são 19h40, e até a manhã […] você sabe, até que horas da manhã é incerto.”

“Sempre que o trabalho é feito é quando você sai do seu turno. Se você não terminar o trabalho, ele [o capataz da linha de produção] não deixará você terminar seu turno. Normalmente, você pode sair às 7h da manhã”, acrescentou o estudante. “Meus braços doem do trabalho.”

Xiao Wang disse na sexta-feira (12) que ele foi forçado a trabalhar noites e turnos extras consecutivos e disse ao professor que não se sentia bem. Quando ele pediu ao professor uma licença saúde, o professor não aprovou e depois ele recebeu três observações de “ausência” e foi posteriormente demitido. O professor então lhe disse que ele seria expulso da escola quando retornasse.

Outro estudante disse no artigo que eles não tinham autorização para ter um dia de folga, mesmo no fim de semana. “Nem mesmo um”, disse um estudante menor de idade, segundo o jornal. “Você tem de observar se a saída da produção é elevada ou não. Se ela é alta a cada fim de semana, então, a produção não parará em qualquer desses finais de semana”, disse o estudante.

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