Nosso mundo moderno colocou a paternidade em uma situação difícil. Com uma taxa de divórcio de 50% e uma vida de servidão ao trabalho, muitas vezes parece que os pais contemporâneos não têm quase nenhuma oportunidade de deixar seu legado como um pai de verdade.
Além disso a sociedade parece dar mais valor as mães e isso se reflete na economia. Desde 2004, as vendas do Dia dos Pais têm consistentemente ficado para trás em comparação aos gastos do Dia das Mães, de acordo com estatísticas da Fundação Nacional de Varejo dos EUA.
Porém, os antigos chineses davam muito valor ao papel do pai na família. Os antigos honraram seus pais com uma reverência igual a dos reis e até mesmo dos deuses. Em tempos antigos, o ideograma que representava “monarca” continha o símbolo de “pai”. Embora isso possa soar extremo aos ouvidos modernos, a tradição chinesa oferece algumas grandes lições para os pais de hoje.
Os pais na tradição chinesa
Como chefe de um pequeno grupo social: a família, o pai é responsável não apenas pelo bem-estar físico de sua família, mas também para ensinar sua prole valores morais e atitudes adequadas para a condução na vida social e formação do caráter e personalidade de seus filhos, os quais possivelmente constituirão novas famílias.
Confúcio, o famoso sábio chinês que viveu há cerca de 2.500 anos, ensinou que a piedade filial é o alicerce de uma família. Esse princípio repousa sobre a reciprocidade do respeito entre pais e filhos que pode ser aplicado às diferentes relações sociais como entre amigos, irmãos, casais, governantes e população. Tendo-se respeito mútuo, as pessoas podem viver e crescer lado a lado em harmonia.
Confúcio declarou que o amor paterno era diferente do materno; acima de tudo, um pai deve ser um comandante e deve reinar com benevolência.
Mantenha uma distância saudável
Os pais devem ser gentis e amáveis para com seus filhos, porém deve existir uma certa distância entre eles. Os pais na China antiga não pretendiam ser amigos de seus filhos no sentido comum da amizade. O trabalho dos pais não era entrar no mundo das crianças, mas sim fornecer-lhes os meios para desenvolverem suas personalidades e se tornarem bons adultos.
Seja realizando negócios ou convivendo em sociedade, o pai deve estar ciente do exemplo que ele representa aos jovens e deve repreendê-los quando necessário.
Embora o contato dos pais com seus filhos possa ser limitado, ele deve deixar uma forte impressão moral sobre sua prole.
Não seja um autocrata
Isso não quer dizer que os pais chineses do passado tinham a última palavra em todas as instâncias. Um pensador chinês do primeiro século explicou:
“Todos os homens são filhos de Deus e são meramente feitos de carne através dos espíritos do pai e da mãe. Portanto, o pai não tem poder absoluto sobre seus filhos”.
Uma vez que a criança passa a reconhecer seu pai como um modelo de virtude, também se espera que esse indivíduo se atenha a estes mesmos princípios. Isto não é obediência cega, algo que Confúcio detestava.
O papel de um jovem, Confúcio ensinou, não deve ser a de seguir cegamente seus pais, mas sim de absorver as lições morais aprendidas com eles e ajudá-los em seus próprios momentos de fraqueza moral. Somente quando um pai representa um caráter virtuoso, é correto seu filho copia-lo.
Realidades modernas
Para o pai moderno, tentar reservar um tempo para a sua prole pode ser uma tarefa aparentemente impossível. Enquanto as mulheres que trabalham fora são proporcionadas com licença-maternidade e uma cultura corporativa inclinada a favorecer o status de mãe, há pouco espaço para os pais conciliarem suas carreira com a criação de seus filhos.
Na sociedade de hoje, onde o papel paterno foi praticamente reduzido ao “pagador de contas”, é ainda mais crucial que o tempo gasto com seus filhos valha a pena. Cada momento que um pai tem com seus filhos deve ser para guiá-los – com o suporte das mães – no desenvolvimento de um indivíduo virtuoso e moral. O desejo de ser indulgente e “comprar o amor” da prole deve ser eliminado. Sendo alcançada essa meta, os pais terão criado cidadões de forte caráter, que beneficiam a sociedade do presente e do futuro.