As forças de segurança chinesas aumentaram a repressão na Mongólia Interior com exercícios de “manutenção da estabilidade” e uma campanha de desarmamento civil, informou recentemente um grupo de direitos.
Enquanto as tensões aumentam entre a população mongol local e desenvolvedores de recursos chineses, as forças do regime começaram a afirmar sua influência de forma mais agressiva na região, ostensivamente para evitar incidentes e assegurar o controle.
O mais recente exercício antiterrorismo, a “Missão de Estabilidade 2013”, no município de Tongliao, no Sul da Mongólia Interior, segue-se a detenção de 52 pessoas em conexão com mensagens online no início do mês, segundo a organização ‘Centro de Informação sobre os Direitos Humanos no Sul da Mongólia’ (SMHRIC).
A população nômade tradicional da Mongólia Interior, uma região rica em recursos naturais, tem sido pressionada pela crescente presença de chineses han, cujos projetos de desenvolvimento de recursos nos últimos anos têm sido acompanhados por grave destruição ambiental e desapropriação de terras.
As tensões étnicas na região também cresceram e impasses violentos entre a minoria étnica pastora e as mineradoras chinesas se tornaram mais comuns.
Os exercícios antiterrorismo e a nova inciativa de desarmamento em Tongliao, onde vivem cerca de 1,5 milhão de mongóis, trouxe uma demonstração de força com mais de 1.700 agentes da segurança pública e da polícia militar e mais de 30 veículos blindados e viaturas de polícia, informou o SMHRIC.
Oficiais do Partido Comunista Chinês (PCC) enfatizaram a importância de “manter a estabilidade” e instaram o município de Tongliao a “desenvolver tropas de choque antiterrorismo”. A propaganda chinesa na Mongólia Interior é chamada “Linha de defesa da estabilidade e do ecossistema da fronteira norte”, informou o SMHRIC.
A fim de promover uma “Mongólia Interior pacífica e estável”, a Secretaria de Segurança Pública realizou uma ação de amplo confisco de armas durante 10 dias para desarmar os civis em toda a região, antes do Dia Nacional da China, que ocorreu em 1º de outubro. As forças de segurança pública confiscaram armas, munições e facas e “reprimiram 82 grupos e espancaram severamente 3.644 criminosos”, segundo o SMHRIC, citando o site da Secretaria de Segurança Pública.
No início de setembro, um cerco da polícia sobre internautas resultou na detenção de 52 cidadãos que “criaram e espalharam boatos na internet” em mais de 1.200 ocasiões, informou a mídia estatal. A maioria deles é acusada de espalhar boatos, o que segue novas regras mais rigorosas do PCC para tentar controlar a opinião pública na internet chinesa.
A Rádio Free Asia relata que a linguagem oficial utilizada sugere que as autoridades estão cada vez mais preocupadas que conflitos locais entre desenvolvedores chineses e mongóis étnicos possam atingir um público mais amplo.
Seis pastores da Mongólia que foram levados sob custódia em maio serão sentenciados em breve e espera-se penas severas de até 7 anos por acusações forjadas, relatou o SMHRIC. A organização disse que os homens foram acusados de “sabotar a produção e a administração” e de “destruir intencionalmente propriedades públicas ou privadas”, após um confronto com trabalhadores chineses de uma empresa florestal estatal que ocupava ilegalmente seus pastos.
Os pastores mongóis têm argumentado que as autoridades comunistas chinesas aumentam consideravelmente os danos e que estes últimos estão preocupados que “a divulgação dos subornos e da corrupção em conexão com a desapropriação de terras” seja revelada.