Forças de segurança desaparecem na vila do ativista chinês cego Chen Guangcheng

12/06/2012 15:00 Atualizado: 12/06/2012 15:00

Chen Guangcheng escuta uma pergunta no Conselho das Relações Exteriores em 31 de maio de 2012 em Nova York. (Don Emmert/AFP/Getty Images)A presença do forte esquema de segurança na casa do ativista chinês cego Chen Guangcheng em Dongshigu no nordeste da China chegou ao fim, mas seu irmão disse que as autoridades locais destruíram provas de abusos cometidos na vila antes que houvesse uma investigação.

Postos de guarda, pontos de verificação e câmeras de vigilância ao redor da vila desapareceram durante a noite de quinta-feira, disseram os moradores à Associated Press (AP). “Finalmente podemos dormir à noite”, disse um morador que se chamou Du à AP. “No passado, você sempre podia ouvir os passos de patrulheiros e os ruídos de um carro à noite; e os cães ladravam.”

Chen fugiu de sua casa de família fortemente vigiada mais de um mês atrás para a embaixada dos EUA em Pequim antes de ganhar asilo e chegar a Nova York. “Não é necessário mais parar nos pontos de verificação quando saímos ou entramos na vila. Agora, podemos caminhar pela estrada”, acrescentou Du.

O irmão de Chen, Chen Guangfu, disse à Reuters que as autoridades destruíram ou moveram evidências de supressão na vila. A prova inclui duas guaritas, ou “casas negras”, que, segundo ele, eram lugares de “barbárie e tirania”. “Não há um traço de evidência deixado depois que eles destruíram tudo na cena. Tudo foi movido”, disse Chen Guangfu conforme citado. Chen disse que as duas guaritas, agora deslocadas, foram onde “inúmeros internautas [apoiadores de Chen da internet] sofreram espancamentos brutais”.

Agora, as pessoas podem entrar e sair da aldeia sem ser abordadas por autoridades locais, acrescentou ele, corroborando o que Du disse.

Chen Guangfu disse aos repórteres da Sky News que visitaram a aldeia na quinta-feira que oficiais do regime bateram-nos e os perseguiram para se vingarem da fuga do ativista cego. “Eles me algemaram e me amarraram a uma cadeira”, disse Chen Guangfu conforme citado. Wang Jinxiang, a mãe de 78 anos de Chen, disse que há anos as autoridades locais a perseguiam e intimidavam. “Eles vasculhavam minhas roupas, minha bolsa e meus bolsos. Às vezes, até mesmo os meus sapatos”, disse ela.

A família ainda se preocupa com o sobrinho de Chen, Chen Kegui, que foi acusado de esfaquear autoridades locais quando eles invadiram a casa da família. “Eu sinto que não há nada para ficar feliz”, disse Chen Guangcheng à AP. “O mais importante é que Chen Kegui [seu sobrinho] ainda está sendo mantido preso num centro de detenção e seus advogados ainda não podem vê-lo.”