O jornal japonês Yomiuri Shimbun recebeu informações do alto escalão do exército chinês que grandes mudanças estão a caminho para os militares da China. Primeiro, um comando de operações conjuntas será criado para melhorar o ordenamento de vários departamentos. Além disso, as atuais sete regiões militares serão reduzidas para cinco e 300 mil tropas serão desarmadas. Mas o que o Partido Comunista Chinês (PCC) pretende com esses enormes movimentos?
O Yomiuri relata que a China planeja criar um comando de operações conjuntas, incluindo o exército, a marinha, a força aérea e a segunda força de artilharia. O PCC contava antigamente com o exército como o corpo principal.
O Ministério da Defesa chinês respondeu à versão inglesa do Diário da China, dizendo que a criação de um “Comando de Operações Conjuntas” é um requisito básico da era da informação, e os militares começaram criando um programa piloto para isso. O Diário da China também citou um oficial do Comitê Político de Segurança Nacional que diz que o PCC aumentará suas capacidades de alta tecnologia nas forças naval, aérea e da segunda força de artilharia. O funcionário disse que a Marinha será a mais importante e contará com mais porta-aviões.
Wu Fan, editor-chefe da revista China Affairs, disse que Xi Jinping criou o Comitê de Segurança do Estado e está fazendo alterações nos militares para controlá-los ainda mais. Ele diz que a meta de Xi é lidar com situações externas internacionais, a elite nacional dos príncipes (descendentes dos fundadores do PCC), governos locais e o povo chinês.
“Um modelo de comando conjunto aumentará a distância entre os governos locais e o exército. Então, Xi poderá reforçar o controle sobre os militares, pedindo-lhes que obedeçam ao comando central e mantenham o Partido seguro ao invés de serem cães de guarda dos governos locais. Assim, um golpe político para derrubar Xi é menos provável de acontecer”, disse o comentarista político Wu Fan.
Wu Fan analisa que um líder de governo local que controle uma grande região militar possa se transformar num príncipe poderoso. Isso combinado com a corrupção é o que torna possível um tipo de rebelião como intentada por Bo Xilai. Wu Fan também diz que é necessária uma combinação de exército, ar, mar, espaço e rede militar para o desenvolvimento da defesa moderna. O exército dominou os militares chineses por muito tempo, mas a falta de capacidade de combate exige que o PCC reorganize suas forças armadas.
O comentarista acrescenta: “Depois desta reforma, todos os generais com conhecimento de alta tecnologia se destacarão para transformar os militares chineses por dentro e por fora, para se adaptar às necessidades das situações internacionais modernas e para lidar com os desafios estratégicos de equilibrar a Ásia-Pacífico representados pela Coreia, Vietnã, Filipinas, Japão e Estados Unidos.”
O artigo do Yomiuri citou oficiais do PCC que dizem que, dentro de cinco anos, as regiões militares chinesas de Jinan, Nanjing e Guangzhou se tornaram três teatros (regiões de operações ativas), com jurisdição sobre o Mar Amarelo e os Mares do Leste e do Sul da China. As regiões militares de Pequim, Shenyang, Lanzhou e Chengdu serão reorganizadas em dois teatros. O relatório também diz que o PCC provavelmente começará uma nova rodada de desarmamento, reduzindo os atuais 2,3 milhões de soldados para 2 milhões.
Shi Shi, um especialista sobre a China, diz que a condensação de Xi Jinping de sete regiões militares em cinco enfraquece o Exército do Nordeste de Xu Caihou e o Exército do Noroeste de Guo Boxiong.
Ele comentou: “Estas duas forças pertencem à facção do ex-líder chinês Jiang Zemin. O Exército do Nordeste tem os recursos da Região Militar da Shenyang. Se as três regiões militares costeiras permanecerem inalteradas e as restantes quatro regiões militares se fundirem, a Região Militar de Shenyang desaparecerá, certamente sendo absorvida pela região de Pequim. A Região Militar de Lanzhou provavelmente desaparecerá também indo para a Região de Chengdu, que é responsável pelo Portão do Sul e pela Índia.”
Shi Shi acredita que os militares são o trunfo do PCC, de modo que eles lidam com isso com muito cuidado. Antes de Xi Jinping controlar totalmente o poder militar, ele não tocará nos militares. Portanto, é provável que uma força militar chinesa combinada não emerja por alguns anos.
Na verdade, os sinais de enfraquecimento dos exércitos do Nordeste e Noroeste foram vistos durante um ajuste recente do PCC de uma dúzia de generais militares suplentes. O jornal Ming Pao de Hong Kong resumiu a questão dizendo que, nos últimos anos, as promoções de pessoal em larga escala transformaram a Região Militar de Jinan numa nova força, que se tornou uma linha de confronto com a antiga prevalência das Regiões Militares de Shengang, do Nordeste e do Noroeste.