Força Aérea da China fortalece tecnologia comprando da Europa

26/05/2014 12:47 Atualizado: 26/05/2014 12:48

A China acaba de dar mais um passo em sua tentativa de desafiar o poder aéreo dos EUA. Em 19 de maio, a empresa chinesa Guangdong Elecpro Electric Appliance Holding anunciou planos para adquirir duas empresas aeroespaciais europeias.

Uma delas, a Mistral Engines AS, sediada na Suíça, fabrica motores para aviões leves, helicópteros e veículos militares não tripulados (comumente chamados de ‘VANT’, em português, ou ‘drones’, em inglês). A segunda empresa, a alemã SkyTrac, desenvolve helicópteros com rotores duplos.

Compras anteriores incluem a aquisição da austríaca ‘Fischer Advanced Composite Components’ pela ‘Aviation Industry Corporation of China’ (AVIC) em 2009, e a alemã ‘Thielert Aircraft Engines’ em 2013, segundo a IHS Jane, uma empresa líder em análise de defesa e segurança.

As aquisições fazem parte de um impulso da China para avançar seus programas aeroespaciais e reduzir a lacuna no conhecimento técnico-militar em relação ao Ocidente, tanto no mercado civil como em sistemas militares.

Acordos com a Rússia

Além de avançar seu desenvolvimento aeroespacial comprando empresas europeias com o conhecimento estabelecido, o regime chinês também obteve um impulso extra recentemente por meio de seus laços com a Rússia.

O presidente russo Vladimir Putin foi à China em 20 de maio para conversar com o líder chinês Xi Jinping. No primeiro dia da reunião de dois dias, a China e a Rússia anunciaram 49 novos acordos, que vão desde programas para aumentar os laços políticos até planos de cooperação militar.

A maior parte da atenção recaiu sobre um acordo de fornecimento de gás de 30 anos e US$ 400 bilhões, que Xi e Putin assinaram em 21 de maio. O que recebeu menos atenção, no entanto, foram os projetos aeroespaciais conjuntos, que foram destacados na imprensa russa antes das reuniões.

A Rússia fornecerá à China um novo helicóptero baseado em seu Mil Mi-26, que é um helicóptero pesado de transporte militar e civil capaz de carregar até 82 soldados totalmente armados.

A Rússia e a China também desenvolveram um grande avião comercial de 400 lugares, para competir com a Airbus e a Boeing.

Fome por desenvolvimento

A China tem muito interesse em desenvolver seu setor aeroespacial. De acordo com um relatório de 2013 da Royal Aeronautical Society do Reino Unido: “A área aeroespacial tem sido apontada como o meio principal de melhorar o desempenho econômico global da China para ascender seu ‘nível de valor econômico agregado de alta tecnologia industrial’.”

No entanto, o interesse militar é ainda maior, particularmente devido às reivindicações territoriais da China que estão causando tensões militares com quase todos os seus vizinhos.

O desenvolvimento tem sido lento, no entanto. De acordo com um relatório da Royal Aeronautical Society, o Conselho de Estado da China emitiu uma orientação política em 2011 detalhando os pobres progressos e vários desafios em seus programas aeroespaciais civis.

Os programas aeroespaciais civis da China também estão intimamente ligados com seus programas militares e sua Força Aérea tem enfrentado contratempos semelhantes.

O Exército da Libertação Popular, os militares da China, afirma ter pelo menos 1.321 aviões de caça entre sua Marinha e Força Aérea. Kyle Mizokami, um especialista em defesa e segurança na Ásia, observou em seu blog “War is Boring” que o número de aviões é apenas pouco menos do que os possuídos pelos militares dos Estados Unidos.

O problema da China é que a maioria de seus aviões são muito velhos. Mizokami observa que apenas 502 dos aviões de combate da China são modernos, dos quais 296 são Su-27 da Rússia e 206 são seus próprios J-10s.

Quanto a seus outros 819 caças, eles são principalmente originários de modelos projetados na década de 1960 e construídos em 1970. Mizokami observa: “Eles não durariam muito tempo numa guerra real.”

Assim, a China tem enfatizado o desenvolvimento de sua próxima geração de caças, o J-20, mas o desenvolvimento também tem sido lento.

Fora o fato de que o próprio J-10 da China ainda depende de motores AL-31FN importados da Rússia e que o J-20 seria baseado num caça russo ultrapassado, o MiG-1.44, a data de conclusão prevista para o J-20 é 2017 ou 2020. Em 2020, os Estados Unidos estariam desenvolvendo uma nova geração de aeronaves.

Assim, a China tem buscado no estrangeiro formas de avançar suas empresas, comprando empresas aeroespaciais sempre que puder, assinando parcerias e roubando projetos por meio ciberespionagem quando suas ofertas são recusadas.