Fogos de artifício encobrem demolição arbitrária de um shopping durante festividades do ano novo chinês

02/02/2012 17:32 Atualizado: 01/03/2013 02:48
O Shopping Buji em Shenzhen, província de Guandong, foi demolido por uma gangue contratada e armada de mil pessoas na véspera do ano novo chinês sob o som dos fogos de artifício e sem os lojistas serem notificados, em 23 de janeiro de 2012 (514200.com)

A demolição forçada na China alcançou um novo nível. Cerca de mil comerciantes chineses perderam seus negócios nas primeiras horas do ano novo chinês.

Sob a cobertura dos fogos de artifício, uma multidão contratada por um desenvolvedor imobiliário, apoiado pelas autoridades locais, transformou em ruínas um shopping inteiro na metrópole de Shenzhen, no Sul da China – sem aviso prévio ou qualquer notificação aos donos das lojas.

Entre 1h e 2h da manhã de 23 de janeiro, o desenvolvedor imobiliário ‘Shenzhen Bangzhao’ despachou o que testemunhas oculares chamaram de “uma gangue” de aproximadamente mil pessoas armadas, que foram contratadas para demolir arbitrariamente o Shopping Buji em Shenzhen, província de Guandong. Eles dispararam fogos de artifício – uma tradição de boa vindas pelo ano novo lunar chinês – para encobrir o som do equipamento pesado derrubando a construção de três andares e de 10 mil metros quadrados, que possuía cerca de mil lojas.

Quando as pessoas acordaram no dia seguinte, eles acharam metade do centro comercial em colapso, com lojas de joias, celulares, sapatos e mercearias enterradas sob os escombros.

Alguns donos das lojas, que tentaram impedir a demolição, foram supostamente espancados e esfaqueados e muitos foram enviados para o hospital.

Um grande número de policias também chegou pela manhã. A administração da Rua Buji publicou um anúncio dizendo que a polícia havia prendido seis membros da equipe de demolição, bem como a pessoa responsável, e estabeleceu uma força-tarefa especial para lidar com o incidente.

Mas esta declaração pode ter sido destinada a desviar a indignação popular e impedir o início de um protesto.

O ano novo chinês é o maior feriado na China, famílias distantes e próximas se reúnem, compartilham pratos típicos, desfrutam a companhia mútua e descansam de suas rotinas diárias. Os fogos de artifício deveriam afastar os maus espíritos e propiciar um ano novo brilhante.

O Sr. Huan contou ao Epoch Times que os fogos de artifício são normalmente disparados as 23h30, na véspera do ano novo, e duram uma hora. Mas perto do Shopping Buji, os fogos continuaram até 2h da madrugada, perturbando a vizinhança. Com o som das máquinas abafado, muitas pessoas não suspeitaram de nada.

O Sr. Wang, um morador que testemunhou a demolição, disse que cerca de mil pessoas chegaram ao local enquanto os fogos de artifício paravam. Eles bloquearam a rua e, em seguida, trouxeram dois guindastes de grande porte e quatro escavadeiras para demolir a construção. Tudo ficou enterrado sob os escombros.

O internauta ‘Zawick’ escreveu no BBS do Baidu, “Na ocasião, meu pai recebeu um telefonema repentino de um amigo dizendo que nossa loja estava sendo demolida. Meu pai correu para lá imediatamente, mas nossa loja já estava sob os escombros. Os proprietários das lojas foram severamente espancados quando tentaram detê-los.”

“Meu pai viu uma pessoa caída no chão sem se mover, com sangue escorrendo do nariz, então, ele gritou: ‘Alguém está morrendo aqui, parem o espancamento.’ Então, a multidão lunática se virou e atingiu meu pai no ombro. Ele caiu no chão e foi novamente agredido. Ele teve sorte de escapar em segurança, mas sentiu tonturas e foi levado para o hospital. Ele foi diagnosticado com doença cardíaca e está em estado grave.”

Mais tarde no mesmo dia, centenas de lojistas, vestindo camisa escritas “Protejam nossos direitos”, foram à sede do governo apresentar queixas. Mas os oficiais do governo estavam de férias e uma funcionária disse que não poderia resolver o problema e que o governo já havia feito um anúncio a respeito. O tempo todo, um grande número de policiais observava e seguia os lojistas ao redor, inclusive ao banheiro. Em 24 de janeiro, lojistas novamente foram ao governo apresentar uma petição, contou o Sr. Huang ao Epoch Times.

O internauta Li Hua disse no Weibo, “Na manhã do dia 24 de janeiro, a polícia de Longang em Shenzhen deteu cerca de 200 proprietários de lojas do Shopping Buji. Até às 18h, as pessoas que foram detidas na delegacia de polícia de Henggang não haviam sido sequer alimentadas.”

Tentativas de contato com a delegacia de Longang em Shenzhen fracassaram; ninguém atendeu as chamadas. Funcionários do Escritório de Administração da Rua Buji recusaram-se a responder a perguntas.

O Shopping Buji, localizado no distrito de Longgang em Shenzhen, foi construído em 1991, com um projeto de duração de 50 anos. Após 20 anos da construção, a área se transformou de uma região isolada numa via principal de comércio.

O edifício foi marcado para demolição como parte do projeto de transformação urbana de Shenzhen há algum tempo, mas por causa de disputas de compensação entre o desenvolvedor e os donos das lojas, a demolição havia sido adiada.

O Sr. Wang, o local que observou a demolição, disse que Bangzhao tentou demolir o mercado em outubro passado. Muitos lojistas do Shopping Buji foram violentamente espancados, ameaçados e três foram feridos.

“A policia local não preserva a justiça e a mídia não relata a verdade”, disse ele, acrescentando que se o governo não estivesse apoiando o desenvolvedor, ninguém ousaria enviar milhares de pessoas no meio da noite para realizar uma demolição forçada.

Wang disse em seu anúncio, publicado no dia do ano novo, que o governo afirmou haver estabelecido 10 diferentes equipe especiais, incluindo segurança, proteção da propriedade, investigação e controle do tráfego.

“Um projeto desta escala não poderia ter sido feito em poucas horas. A coisa toda foi planejada pelo governo; Bangzhao estava simplesmente fazendo o que lhe foi dito”, disse Wang.

Epoch Times publica em 35 países em 19 idiomas.

Siga-nos no Facebook: https://www.facebook.com/EpochTimesPT

Siga-nos no Twitter: @EpochTimesPT