Foco na Ásia-Pacífico e redução militar dos EUA

06/01/2012 17:22 Atualizado: 05/09/2013 00:34
EUA permanecerão a primeira superpotência global, diz Obama
O presidente Barack Obama dirige-se a mídia com o secretário de defesa Leon E. Panetta (à esquerda) no Pentágono (Erin A. Kirk-Cuomo/DOD)
O presidente Barack Obama dirige-se a mídia com o secretário de defesa Leon E. Panetta (à esquerda) no Pentágono (Erin A. Kirk-Cuomo/DOD)

O presidente Barack Obama delineou um novo plano para o exército na quinta-feira 5 de janeiro que cortará o orçamento do departamento de defesa em centenas de bilhões de dólares, afastando-se assim da estratégia da administração anterior.

Numa apresentação em Washington DC, Obama disse, “O exercito será mais reduzido, mas o mundo deve saber que os Estados Unidos manterão sua superioridade militar com forças militares que serão mais ágeis, flexíveis e preparadas para um largo espectro de contingências e ameaças”, segundo uma transcrição.

O plano implica focar as tropas norte-americanas na região da Ásia-Pacífico e nota que os EUA não serão capazes de sustentar mais do que uma operação de combate prolongado ao mesmo tempo, como às guerras travadas simultaneamente no Iraque e Afeganistão.

Numa viagem a Austrália em novembro, Obama disse que a região da Ásia-Pacífico é de alta prioridade para os EUA, o que foi visto como um desafio ou aviso ao crescimento militar chinês.

“Reduções orçamentais não serão realizadas à custa dessa região essencial”, disse Obama acerca do novo foco do departamento de defesa na Ásia-Pacífico.

O anuncio chega apenas algumas semanas depois do secretário de defesa Leon Panetta ter formalmente anunciado o fim da guerra de oito anos com o Iraque. Os últimos milhares de soldados foram retirados do país.

“Como uma força global, nossos militares nunca desempenharão apenas uma função”, diz Panetta. “Serão responsáveis por uma série de missões e atividades por todo o globo e de diversificado espectro, duração e prioridade estratégica.”

O resultado da estratégia seria criar uma força militar “flexível e adaptável” que “pode responder rápida e eficazmente a uma variedade de contingências e adversidades”, diz Penetta.

Panetta diz que os EUA continuarão a investir no desenvolvimento de tecnologias, incluindo sistemas automatizados, programas espaciais e especialmente na defesa do ciberespaço.

Em novembro, o Departamento Executivo de Contraespionagem Nacional publicou um relatório que afirma que hackers sediados na China são “os mais ativos e persistentes hackers de espionagem econômica”.

No último mês, um relatório emergiu afirmando que hackers chineses roubaram informação durante meses da Câmara de Comércio dos EUA, um grupo da “maior federação comercial do mundo que representa os interesses de mais de 3 milhões de negócios de várias dimensões, setores e regiões, assim como associações industriais estatais”, segundo seu website.

A estratégia inclui cortes de 487 bilhões de dólares ao longo da próxima década e, se o Congresso agir, outros 500 bilhões de dólares em cortes poderão ser aprovados para o departamento de defesa. Os EUA aumentaram muito o orçamento de defesa desde 11 de setembro de 2001, levando a 10 anos de guerra.

Obama disse que os militares precisam restabelecer as prioridades em meio à recessão econômica enquanto mantêm a liderança global dos EUA e acrescentou que os EUA têm de rejuvenescer seu poder econômico. Ele disse que os EUA precisam ir adiante da estrutura enfrentada no Iraque e Afeganistão, onde as tropas norte-americanas se preparam para sair em 2014.

Erros passados não serão repetidos

O presidente Obama disse que o governo não cometerá os mesmos erros do passado quando reduzirem os gastos militares, incluindo os períodos de 1970 e 1980 que se seguiram à guerra do Vietnã ou após a 2ª Guerra Mundial.

“Relembraremos as lições da história e evitaremos repetir os erros do passado em que os militares ficaram mal preparados para o futuro”, disse Obama numa carta que acompanhou o anúncio.

Milhares de tropas estadunidenses muito provavelmente serão dispensadas de acordo com este novo plano, apesar de isto não ter sido especificamente referido. Obama disse no Pentágono que também desativará os “serviços ultrapassados da guerra fria”, como os sistemas de inteligência, segurança e contraterrorismo, com mais detalhes a serem disponibilizados nas próximas semanas.

Antecipando críticas ao corte do orçamento militar, Obama defendeu a posição dizendo, “É fácil discordar de uma mudança particular num programa particular.”

“Mas eu encorajo a todos nós a lembrarmos do que o presidente Eisenhower disse certa vez, que ‘cada proposta deve ser ponderada à luz de uma ampla consideração: a necessidade de manter o equilíbrio dentro e entre os programas nacionais’”, acrescentou Obama.