FMI aumenta o poder dos mercados emergentes

31/01/2016 00:20 Atualizado: 31/01/2016 00:20

Assistir aos procedimentos do Fundo Monetário Internacional pode ser algo bastante massante. Em 22 de janeiro, por exemplo, foi emitido um comunicado de imprensa chamado “Declaração do FMI sobre Suriname”. Não havia nada realmente interessante, a não ser que você trabalhe para o FMI ou viva no Suriname.

No entanto, o FMI é uma instituição internacional importante, e, de vez em quando, ela se depara com um tema de destaque que o público em geral, muitas vezes, não percebe, como ocorreu em 27 de janeiro.

O comunicado de imprensa com o título poético de ” As históricas quotas e reformas do governo entrarão em vigor”, por exemplo, é um ao qual vale a pena dar alguma atenção.

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“As reformas representam um grande passo em direção a um melhor reflexo na estrutura de governo da instituição, no papel crescente dos dinâmicos mercados emergentes e nos países em desenvolvimento”, diz o comunicado.

Isso significa, principalmente, mais direitos de voto para os países do BRIC: China (6,07 %), Rússia (2,6 %), Brasil (2,2 %) e Índia (2,6 %), que são agora os top 10 membros do Fundo.

Sua participação combinada é inferior à quota de 17,085 % dos EUA (conferindo-lhe poder de veto); no entanto, uma outra interessante mudança tornou o aumento dos direitos de voto do BRIC muito útil.

“Pela primeira vez, o Conselho do FMI será composto inteiramente por diretores executivos eleitos, encerrando, portanto, com a categoria de Administração Executiva Nomeada”, sendo que os cinco principais membros são constituídos por Estados Unidos, Japão, Alemanha, França e Reino Unido.

Ao observarmos esta mudança na estrutura de comando (em teoria, o Fundo poderia ser executado por todos os chineses, embora o veto dos EUA tornasse essa hipótese improvável), não é de se surpreender que o Fundo tenha demorado 5 anos para realizar essas eficazes mudanças.

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O FMI necessitava da aprovação de pelo menos 85 % da base de capital (não é possível sem o consentimento dos EUA), e só pôde avançar após o Congresso dos EUA finalmente ter concordado com os termos, em dezembro do ano passado.

A inclusão do yuan chinês em ativo de reserva SDR pelo FMI, é, de fato, uma mudança histórica para os mercados emergentes.

Falando-se em SDR (Direitos Especiais de Saque), o FMI decidiu “aumentar a [sua] força nas finanças”, duplicando a quantidade de SDR em circulação para US$ 659 bilhões.

O FMI usa o SDR como uma unidade contábel para lidar com seus próprios membros, de forma que ele também possa servir como capital de investimento (equity capital) para os sócios.

Ao contrário de uma empresa normal, o FMI não tem que ir ao mercado para levantar dinheiro; ele pode até mesmo imprimi-lo como é feito no banco central.

A última vez que isso aconteceu foi em 2009, quando o mundo estava em desequilíbrio e a China estava recorrendo ao SDR ao invés do dólar americano como moeda de reserva global. Com o mundo à beira de uma recessão  e a China à beira de uma arrebatadora crise financeira, saberia o FMI de algo que nós não sabemos? Ou seria apenas mais um passo para tornar realidade o desejo da China em 2009?