A China vai se juntar ao clube dos países cujas moedas compõem a cesta de reserva do Fundo Monetário Internacional (FMI), segundo declaração da organização na última sexta-feira (13). Esta cesta, chamada de Direitos de Saque Especiais (DSE), está sujeita a uma revisão pelo FMI feita a cada cinco anos, incluindo 2015.
Indicado para uma inclusão este ano, o yuan chinês finalmente obteve o consentimento.
“O renminbi cumpre os requisitos para ser uma moeda ‘livremente utilizável’ e, consequentemente, a equipe propõe que o conselho executivo … inclua-o na cesta de DSE como a quinta moeda”, declarou o diretor do FMI, Christine Lagarde, na sexta-feira.
O FMI realizará uma reunião com o conselho executivo no dia 30 de novembro para divulgar a decisão final, que na realidade será uma mera formalidade – a decisão, de fato, já foi tomada.
Entretanto, não vemos muita animação em relação à mudança, que anteriormente era louvada como marco para o progresso.
“O DSE não tem relevância para os mercados do cotidiano”, diz Fraser Howie, autor do livro “Capitalismo Vermelho”.
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O problema com o DSE é que, na verdade, não faz muita diferença no cenário global. É apenas a avaliação de uma cesta de moedas, com diferentes ponderações (dólar, euro, libra esterlina, iene, yuan), utilizada como uma unidade de conta pelo FMI.
Se um país membro do FMI precisar de uma daquelas moedas, ou de todas elas, ele pode vender seus DSEs para obter o dinheiro. Mas qualquer coisa antes disso não passa de falácias e ilusões.
“Em circunstâncias normais, não há aumento na demanda pela moeda simplesmente porque ela está na cesta de DSE”, escreve Mark Williams, da Capital Economics.
Prestígio
Então, quais são os benefícios para a China? É principalmente uma questão de prestígio.
“Não há nenhuma desvantagem, houve pouca resistência – uma vez que é uma questão de pouca importância no cenário internacional –, e há um certo prestígio em ser convidado a participar de um clube pequeno, mesmo que poucos tivessem conhecimento prévio de sua existência”, escreveu Williams.
O quadro econômico global também pode ter influenciado a decisão do FMI, de acordo com Diana Choyleva, economista-chefe da Lombard Street Research.
“Se o yuan está incluído, ainda é provável de ocorrer uma depreciação do yuan, mas de forma mais gradual, com forte intervenção das autoridades para torná-la mais gradual”, disse ela.
Na opinião de Diana, a China sofreria uma forte e rápida desvalorização caso não fosse incluída na cesta, provocando um choque na economia mundial.
Apesar da relativa insignificância do evento, Fraser Howie acredita que o FMI deveria ter avaliado a China por mais tempo antes de dar este consentimento.
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“Você não tem uma moeda de livre comércio simplesmente porque você diz tem. Se eu trabalhasse para o FMI, gostaria de ver por um longo período de tempo estas reformas na prática. Como a China vai responder em tempos de crise?”, pergunta ele, referindo-se à péssima gestão da queda do mercado de ações em meados deste ano.
A China interrompeu severamente as forças de mercado, ao invés de deixar os negócios se concretizarem por conta própria, e Howie acredita que eles podem fazer o mesmo uma vez que a moeda se torne livremente negociável. A China já indicou sua intenção de ter uma completa conversibilidade até 2020.
“Depois do estouro da bolha do mercado de ações, eles simplesmente continuam a reprimir os mercados, a afastar os direitos de comércio, e a criar um ambiente onde as pessoas têm medo de negociar, apesar de não terem feito nada de errado”, diz Howie.
De fato, o FMI reservou-se um espaço de manobra significativo. Em vez de aceitar a moeda a partir do dia 01 de janeiro de 2016, como é de costume, ele vai esperar até setembro de 2016, apesar da decisão positiva em novembro deste ano.