Uma espetacular paisagem congelada foi revelada na Bacia da Aurora Subglacial, uma das últimas regiões não mapeada da Terra, enterrada entre 2 e 4.5 km de gelo e apresentando um dos maiores fiordes do mundo.
Uma equipe internacional de cientistas utilizou um radar capaz de penetrar o gelo para mapear a região enquanto sobrevoava a área em aviões como parte do projeto ICECAP, que está investigando mudanças históricas na camada de gelo da Antártica Oriental.
“Nós não sabíamos quase nada sobre o que estava acontecendo, ou o que podia ocorrer sob esta camada de gelo, e agora nós a abrimos e tornamos real”, disse o autor principal, Duncan Young da Universidade do Texas, do Instituto de Geofísica de Austin, num comunicado à imprensa.
Esta nova informação vai ajudar a desenvolver modelos para prever como a camada mudará no futuro e o seu impacto em níveis marítimos globais.
“Nós escolhemos nos concentrar na Bacia da Aurora Subglacial, porque ela pode representar o ponto fraco da camada de gelo da Antártica Oriental, o maior corpo de gelo remanescente e fonte potencial da elevação do nível marítimo da Terra”, disse Donald Blankenship, o principal investigador do ICECAP, no comunicado.
Pesquisas anteriores com o uso de sedimentos oceânicos e modelos computacionais mostraram que o tamanho da camada variou significativamente de 34 a 14 milhões de anos atrás, com até 30 ciclos de expansão e recuo em conjunto com alterações no nível do mar. Este processo se estabilizou desde então.
O novo mapa mostra profundos canais formados por antigas geleiras numa cadeia de montanhas, onde a borda da camada de gelo mudou várias vezes no passado, alcançando centenas de milhas.
“Nós estamos vendo como a camada de gelo se pareceu num tempo em que a Terra era muito mais quente do que hoje”, disse Young. “No passado, ela era muito dinâmica, com camadas significativas em derretimento. Recentemente, a camada de gelo tem se comportado melhor.”
Segundo Young, saber como a camada aparentou-se no passado nos daria uma ideia de como ela poderá parecer no futuro, mas ele não pensa que o encolhimento será tão dramático durante o próximo século.
As descobertas foram publicadas em 2 de junho na edição online da Nature.