Em editorial publicado neste domingo (22), o jornal “Financial Times” destaca a crise econômica vivida pelo Brasil, com demonstrações de descontentamento — em relação à fraqueza da economia, à escassez de água e à corrupção na Petrobras — e queda da popularidade da presidente Dilma Rousseff a seu menor nível, 7% a 13%, enquanto o Planalto culpa fatores externos pelas mazelas: “Parece que ainda ontem o país estava com a bola toda. Mas sua queda tem sido espetacular. Infelizmente, a situação deve ficar ainda pior. A questão central é se as instituições do Brasil vão se manter”, segundo matéria.
Na análise, o jornal lembra que o país foi favorecido pelo ciclo de valorização das commodities, que permitiu aumento das receitas do governo, da massa de renda da população e do crédito doméstico. Mas, sem disciplina, o processo está se revertendo. “O colapso da moeda, com queda de um terço em seis meses, está reprecificando dramaticamente a economia”, enquanto as taxas de juros sobem para combater a inflação e compensar o risco dos investidores internacionais — afinal, o país precisa de capital estrangeiro para financiar seus déficits fiscal e corrente. Além disso, a Petrobras é alvo de ação judicial nos Estados Unidos por conta das perdas decorrentes da corrupção.
Para enfatizar a responsabilidade do Brasil pelo mau momento, o Financial Times lembra que os vizinhos Chile, Colômbia e Peru, com economias orientadas para o mercado, passaram incólumes pelo fim do ciclo das commodities e estão crescendo com força. Pelo menos, enfatiza o jornal britânico, o país está longe da hiperinflação. Sobretudo, analisa a publicação, as instituições — especialmente o Judiciário — estão atravessando a turbulência com estabilidade: “É um progresso para o país do futuro, como diz o clichê”.