Filho de vice da Fifa assume ter vendido ingressos do Mundial

04/07/2014 23:09 Atualizado: 04/07/2014 23:09

O filho do vice-presidente da Fifa, Humberto Mario Grondona, admitiu nesta sexta-feira (4) ter vendido parte dos ingressos a que teria direito na Copa do Mundo no Brasil. A declaração foi dada depois que ingressos em nome dele foram recolhidos com cambistas no Rio de Janeiro, em operação realizada pela Polícia Civil que desarticulou uma quadrilha internacional que faturava mais de 200 milhões de reais por Mundial.

O pai de Humberto é o argentino Julio Grondona, também responsável pelo departamento de Finanças da entidade. “Sou instrutor da Fifa e tenho quatro entradas para o primeiro jogo, quatro para o segundo, quatro para o terceiro, quatro para as oitavas, quatro para as quartas, duas para a semifinal, duas para a final e comprei todas por mais de 9.000 dólares. Tenho um amigo, muito conhecido na Argentina, que queria vir e vendi a ele alguns ingressos. Ele, por sua vez, deu ingressos a outro amigo. Agora, o que fizeram com as entradas eu não sei”, disse Humberto, ao canal por assinatura TyC Sports, de seu país. Ele se recusou a dizer o nome do amigo e afirmou ter agido na “boa fé”.

A porta-voz da Fifa, Delia Fischer, se recusou a falar sobre o possível envolvimento de Humberto, mas garantiu que a entidade vai cobrar punição rígida a qualquer um que tenha alimentado a quadrilha de cambistas. “Não posso comentar investigação em andamento. A Fifa é muito firme. Se alguém violou alguma regra, será punido, mas não podemos tirar conclusões precipitadas”, disse. Delia também garantiu que todos os ingressos apreendidos com os criminosos serão colocados à venda para torcedores no site oficial: www.fifa.com/ingresso.

Dois representantes da Match, única empresa autorizada pela Fifa para a venda de pacotes de ingressos e camarotes da Copa do Mundo, estiveram na manhã desta sexta-feira na 18ª DP, na Praça da Bandeira, que investiga o esquema de venda ilegais de entradas do Mundial. Os dois, um indiano e uma advogada brasileira, fotografaram um por um os cerca de 130 ingressos (muitos de camarote) apreendidos pela polícia civil do Rio na Operação Jules Rimet, que prendeu 11 pessoas na terça-feira, como o franco-argelino Lamine Fofana, que tinha trânsito livre pela Fifa e era amigo de jogadores e ex-jogadores.

Segundo um inspetor responsável pela investigação, os representantes da Match informaram aos policiais que vão averiguar a autenticidade das entradas e também rastreá-las, para descobrir quem seriam os responsáveis por repassá-las à quadrilha.

Na quinta-feira, a polícia informou que a Match também está sendo investigada e que, além do integrante da Fifa que poderia ser o líder do milionário esquema criminoso, há também alguém da empresa responsável pela venda dos ingressos e camarotes. A Match é ligada ao sobrinho do presidente da Fifa, Phillip Blatter.

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