Filho do ex-chefe da segurança pública seria alvo de artigo

30/09/2013 14:43 Atualizado: 30/09/2013 14:43
Imagem do artigo da revista Caixin sobre Zhou Bin, que seria o filho do ex-membro do Comitê Permanente do Politburo, Zhou Yongkang. O artigo foi excluído do website posteriormente (Caixin)
Imagem do artigo da revista Caixin sobre Zhou Bin, que seria o filho do ex-membro do Comitê Permanente do Politburo, Zhou Yongkang. O artigo foi excluído do website posteriormente (Caixin)

Um artigo de investigação publicado com destaque numa importante publicação de negócios chinesa tem atraído a atenção dos internautas chineses, com a suposição generalizada de que o alvo da história seja ninguém menos do que o filho de Zhou Yongkang, um ex-membro do Comitê Permanente do Politburo e chefe aposentado do extensivo aparato de segurança do Partido Comunista Chinês (PCC).

Alimentando essa ideia está o fato de que Zhou Yongkang tem estado no centro de uma série de investigações em áreas-chave em que ele trabalhou e onde ele estabeleceu conexões políticas, incluindo o setor de petróleo e a província de Sichuan rica em energia.

O novo líder chinês Xi Jinping tem se empenhado numa campanha de limpeza das fileiras do PCC desde que assumiu o poder em novembro passado. Zhou Yongkang é parte da velha guarda que Xi estaria visando.

O artigo na Caixin Online, uma revista chinesa de negócios, refere-se a Zhou Bin, sua esposa Huang Wan e sua família. O artigo foi publicado em inglês simultaneamente com o título “Enquanto Zhou Bin retorna à China, detalhes de sua vida nos EUA emergem”. O artigo foi posteriormente excluído do website da Caixin.

O artigo não explicitou a relação entre Zhou Bin e Zhou Yongkang, mas Zhou Bin é o nome do filho de Zhou Yongkang e a suposição generalizada é que o alvo do artigo seja seu filho Zhou Bin. Por sua vez, o nome da esposa de Zhou Bin é Wang Wan, um cognato de Huang Wan.

“Os nomes soam semelhantes, mas usam caracteres diferentes. Wang e Huang são próximos e Bin Zhou em inglês é escrito da mesma forma. As pessoas obviamente sabem quem está sendo apontado”, disse Heng He, um comentarista político da emissora NTDTV. Heng He também comentou que é incomum que a Caixin publique simultaneamente em inglês, a menos que o assunto seja considerado importante.

“Na China, a censura na internet é muito rigorosa, especialmente sobre temas como este. Se essas coisas obviamente sensíveis são publicadas, é claro que este é o propósito do artigo”, disse ele. Seria muito direto e aberto simplesmente usar os caracteres chineses corretos dos indivíduos, disse Heng. Na política comunista chinesa, é suficiente aludir ao que se pretende dizer.

Poucos dos comentários em resposta ao artigo indicaram ignorância do contexto político e dos prováveis alvos da peça. A maioria dos 300 comentários no final do artigo da Caixin se referia a Zhou Yongkang.

Um internauta comentou: “A família do tigre Zhou [ou seja, Zhou Yongkang ] está sendo exposta.” Outro escreveu: “Zhou Bin é o filho do mestre Kang [i.e. Zhou Yongkang ]?”

No artigo, Zhou Bin é identificado como o ex-presidente da Corporação Zhongxu Yangguang Energia e Tecnologia Ltda., baseada em Pequim e atualmente envolvida numa tempestade legal. O fundador da empresa, Wu Bing, foi detido pelas autoridades. O regime não deu qualquer explicação sobre sua detenção, mas fontes anônimas disseram à mídia que isso era parte da campanha anticorrupção na indústria do petróleo.

Desde sua criação, o ramo de Pequim da Zhongxu foi rápido em abocanhar negócios lucrativos com grandes empresas de petróleo da China, diz o relatório.

A história entra em detalhes sobre o sogro de Zhou Bin, identificado como Huang Yusheng, incluindo seu histórico de negócios, vida pessoal e o trabalho que ele tem feito na indústria petrolífera chinesa.

No contexto de crítica incomum e exposição da família de um ex-membro de alto escalão do PCC, alguns internautas lamentaram o fato de que as coisas não pudessem ser enunciadas de forma transparente. Um blogueiro disse: “Os comentários são tão fantásticos quanto o artigo! Mas é uma pena que a China ainda esteja jogando cabra-cega com o público. Triste.”