Como um comerciante que se tornou um mecenas, ele entrou na história da cidade junto com algumas famílias Florentinas não pela enorme fortuna que acumulou, mas sim pelo dinheiro que investiu nas artes e cultura da Renascença.
A exibição Dinheiro e Beleza com subtítulo Banqueiros, Botticelli, e o Fogueira das Vaidades, no palácio Strozzi em Florença foi apresentada em janeiro deste ano. A exposição conta a história do sistema bancário global e como o dinheiro assoberbou a sociedade desse tempo para o bem ou para o mal.
Dinheiro e Beleza são “dois elementos que parecem antiéticos e incompatíveis, mas que em último caso através da comissão podem ser reconciliados”, disse Ludovica Sebregondi, historiadora de arte e curadora da exibição.
Trabalhos são meticulosamente escolhidos por Sebregondi e arranjados pelo arquiteto Luigi Cupellini: cofres, títulos, registos de primeira conta, florins de ouro, e moedas de ouro puro de 24 quilates pesando 3.53 gramas e produzidas pelo Mint de Florença em 1252 de onde tudo começou.
Faca protestante
No Van Reymerswaele “Os agiotas” o que sobressai são as mãos evidenciadas, fortes sombras, observam o dinheiro no meio, com a vela meio consumida, um símbolo de vaidade e nas suas faces a personificação do ditado “dinheiro é o excremento do diabo”, diz Sebregondi, interpretando a linguagem do corpo usada pelo pintor Dutch.
O tema da agiotagem está também retratado na sua pintura “O Banqueiro e a sua Mulher”. O manuseador de dinheiro e a sua esposa são mais belos que os dois no “Os agiotas”, mas “com os seus gestos predatórios eles comunicam a verdadeira natureza desses que traficam com dinheiro”, diz Sebregondi.
Igreja Católica
Enquanto os artistas do norte, de acordo com o seu pensamento protestante basicamente condenarem a moralidade agiota, a Igreja Católica baniu-o imediatamente. “A Igreja baniu agiotagem porque a Bíblia ensinou-nos a ganhar a vida pelo suor do seu esforço; trabalhar era parte do plano de Deus para nós e agiotagem não era trabalho”, Escreve Parks numa publicação associada com a exibição.
Inicialmente na Itália a ideia de dinheiro era fortemente ligada à ideia de pecado devido à “Divina Comédia” de Dante onde monstros devoram homens e diabos usam um saco de dinheiro para chicotear os corpos dos pecadores. Entre os pecadores encontram-se um papa, um cardinal e uma freira, a testemunhos da corrupção que a igreja sofreu com a introdução do dinheiro.
Então, São Thomas Aquinas, um monge Dominicano, introduziu a ideia de sofrer as consequências dos pecados através de donativos e “distinguir o agiota do banqueiro”, diz Sebregondi. Ele fez empréstimos aceitáveis deferindo a percentagem até 5% percentagem a qual abaixo não era considerada agiotagem.
Foram feitos muitos donativos “para o bem comum” pelos mercadores ricos e banqueiros tais como Francesco Datini que mandou construir dois hospitais com 100.000 florins de ouro. Um foi chamado “Hospital dos Inocentes”.
Único é o caso de “Lelmo Balducci, um banqueiro Florentino suspeito de ser agiota, que deixou todo o seu dinheiro para construir o Hospital de São Matthew (agora academia de belas artes). Ele fundou este hospital para tratar doenças de pele porque acreditava que tocar em dinheiro podia causar doenças de pele” disse Sebregondi, ilustrando a forte associação entre dinheiro e impureza nesse tempo.
“Eles gastaram enormes somas, […] fundaram igrejas e conventos, construíram palácios, encomendaram estátuas e quadros. À morte de Lorenzo o magnifico em 1942, os Medici doaram três vezes a herança do seu avô Cosimo para construir arquitetura, pinturas comissionadas e esculturas doadas aos seus concidadãos” escreve no seu relatório para a exibição o arqueólogo Italiano de renome e historiador de arte Salvatore Settis.