Imagine que você está sentado num bar de luxo, reclamando sobre seu trabalho insatisfatório e mal remunerado. Um homem bem vestido se senta ao seu lado e depois de algumas poucas palavras lhe diz algo atraente.
“Uma nova posição está disponível e adivinhe?”, diz o homem. “Você é o que estamos procurando. Você pode até receber algum dinheiro adiantado. O que queremos em troca? Na verdade, absolutamente nada. Só queremos que você seja bem sucedido.”
Essas linhas não são de seu anjo salvador. São linhas comumente usadas por departamentos de espionagem globais enquanto tentam aliciar alguém e amarrá-lo como mais uma marionete.
Por meio de alguns de filmes, o FBI está agora tentando educar o público sobre a espionagem, particularmente o tipo que visa enganar os americanos e prejudicar a economia dos EUA.
“Isso ocorre todos os dias”, disse uma representante do FBI, que pediu para não ser identificada, referindo-se aos tipos de tentativas de espionagem retratadas nos filmes. “Uma de nossas missões é proteger o público contra essas ameaças.”
O mais recente filme do FBI, “The Company Man: Protecting America’s Secrets“, que é baseado numa história real, conta a história de espiões chineses que tentam roubar a propriedade intelectual de uma empresa americana.
Randall Coleman, diretor-assistente da divisão de contraespionagem do FBI, disse numa audiência em 13 de maio: “No caso da vida real, um grupo de conspiradores tentaram recrutar um funcionário veterano para que roubasse segredos comerciais que eles precisavam para construir uma empresa competidora na China.”
Coleman disse que um dos problemas atuais da espionagem econômica é que as empresas tentam resolvê-la internamente, em vez de entrar em contato com as forças da lei.
Ele compartilhou sua esperança de que “o filme aumentará a conscientização do público sobre a ameaça da espionagem econômica” e encorajará a notificação de casos de espionagem.
A mensagem do filme de 37 minutos é oportuna, pois coincide com um anúncio de segunda-feira do Departamento de Justiça e do FBI sobre acusações criminais contra hackers militares da China.
De acordo com o representante do FBI, a sincronização não foi intencional – tecnicamente o filme ainda não foi a público e está sendo exibido em universidades e empresas. No entanto, ela e outros veem a crescente atenção como algo de valor.
Ela disse que compreender as ameaças de espiões estrangeiros é algo que “pensamos que pode beneficiar o público”. No que diz respeito à espionagem econômica, em particular, ela acrescentou: “Isso está custando às pessoas dinheiro e empregos”.
Por sua natureza, a espionagem sempre foi algo escondido dos olhos do público. Durante a Guerra Fria houve alguns esforços para educar o público sobre as ameaças de espiões, mas até recentemente o tema saiu quase completamente do radar público.
Filmes de espionagem
Os filmes do FBI são essencialmente como os velhos filmes da Guerra Fria sobre as ameaças de espionagem, apenas produzidos com os padrões profissionais de hoje. O que eles revelam são métodos comuns usados por espiões.
O FBI chamou o caso retratado em seu último filme, “Jogo de Peões“, um “caso clássico de recrutamento”. Ele retrata a história verídica de Glenn Duffie Shriver, que estudava no estrangeiro em Shanghai em 2004 e foi recrutado por espiões chineses.
O filme anterior do FBI foi intitulado “Traído“. O curta-metragem vencedor do Emmy sobre um funcionário do governo que comete espionagem visa a alertar que um colega de trabalho pode ter sido comprometido por espiões estrangeiros.
Dentre estes filmes, “Jogo de Peões” é atualmente o único que está disponível publicamente. A representante do FBI disse que postou o filme no YouTube pois era destinado a estudantes universitários que estudam no estrangeiro. O sucesso online do filme, que conta atualmente com quase 78 mil visualizações, tem levado a considerações sobre uma versão mais pública do filme mais recente.
Globalmente, o tema da espionagem tem vindo à tona e provavelmente continuará a crescer. A sensibilização do público sobre a espionagem global está agora começando a se expandir além do que foi divulgado pelo ex-contratado da NSA, Edward Snowden, e uma imagem mais completa já está sendo apresentada.
“Nossos adversários estrangeiros e concorrentes estão determinados a adquirir, roubar ou transferir uma ampla gama de segredos comerciais, uma vez que os Estados Unidos têm uma vantagem significativa em termo de inovação”, disse Coleman, numa audiência recente.
Ele disse que, num passo adiante, as empresas terão de se tornar mais ativas na divulgação da espionagem e funcionários terão de ser mais bem informados sobre os métodos de espiões estrangeiros. E acrescentou: “Proteger a economia do país desta ameaça não é algo que o FBI pode realizar sozinho.”