Fornecedor de tecidos para lojas de alta costura, como Carlos Miele, NK Store e Lita Mortari, explica porque importa da China
Em busca de competitividade e qualidade, importadores de tecidos têm trabalhado com tecidos chineses para atender à demanda de clientes.
Adilson Belarmino, há 15 anos trabalha com importação de tecidos.
Fornecedor de tecidos para lojas de grife de alta costura, como Carlos Miele, NK Store, Lita Mortari, Daslu, Carina Duek e Giuliana Romanno, há um ano e meio começou a importar da China.“Como mantenho uma clientela muito eclética, houve a necessidade de fornecer artigos com preços mais competitivos para determinados clientes. Dessa forma, decidi importar da China”, contou Belarmino ao Epoch Times.
Segundo ele, o incentivo para importar é grande porque, com o real valorizado em mais de 30%, a proteção da indústria nacional através de tarifas de importação praticadas pelo governo brasileiro é anulada.
“As alíquotas de 25% aplicadas hoje representam um incentivo para as importações. Na prática estão em níveis negativos comparado ao que o país negociou na Organização Mundial do Comércio (OMC). Com o real valorizado, as tarifas médias consolidadas na OMC, que variam de 12% a 50%, passam a variar entre 5% e -22%, sendo a grande maioria de valores negativos. Quanto às tarifas médias realmente aplicadas, entre 0% e 22%, passam a valer de -14% a -30%”, afirma.
Belarmino explica que os efeitos cambiais sobre as tarifas brasileiras seriam considerados “alarmantes” se ocorressem em outros países com câmbio desvalorizado, como Estados Unidos, China e outros asiáticos.
“Enquanto o Brasil oferece, através do câmbio, acesso mais aberto ao mercado brasileiro do que negociou na OMC, o ajuste gerado pela desvalorização cambial nos EUA e na China representa uma sobretaxa nas importações brasileiras”, complementa.
Adilson ressalta ainda que a vantagem financeira não é a única razão que o faz importar da China, mas também as limitações tecnológicas dos tecidos nacionais.
“Os tecidos do Brasil são todos muito parecidos e isso faz que importemos tecidos com bases diferenciadas para atender aos clientes”, diz o fornecedor, que completa: “Na minha concepção, os tecidos chineses são melhores do que os nacionais, mas nada se compara aos tecidos franceses, austríacos e italianos”.
Importações da China no setor têxtil aumentaram 455% em cinco anos, diz ABIT
Segundo a Associação Brasileira de Indústria Têxtil (ABIT), as importações no setor têxtil alcançaram 2 bilhões de dólares em 2010. Isso significa que as importações brasileiras no setor cresceram 455% em cinco anos.
O comportamento da taxa de câmbio do Brasil e da China, com o real se apreciando em relação ao dólar e o yuan se mantendo fixo, contribui para este cenário, de acordo com a ABIT. Segundo a entidade, outros fatores que também favorecem a China são as taxas de juros, cuidados com o meio ambiente, custos sociais e previdenciários, concessão de subsídios aos produtores e exportadores, entre outros.