O partido Fatah, ao qual pertence o presidente da Autoridade Palestina Mahmoud Abbas, tem procurado manter uma fama de “moderada”. Desde o início do conflito de Israel com milícia do Hamas na Faixa de Gaza, não lançou nenhum ataque desde a Cisjordânia, fazendo apenas críticas à situação.
É bom lembrar que quando se fala em “palestinos” existem dois territórios com situação bem diferente. O Hamas é o maior dos grupos islâmicos extremistas. Seu nome é uma sigla em árabe do Movimento de Resistência Islâmica. Surgiu em 1987, depois da primeira Intifada (revolta palestina) contra a ocupação israelense da Cisjordânia e da Faixa de Gaza. Controlam praticamente sozinhos a Faixa desde 2006, quando venceram as eleições do Conselho Legislativo Palestino.
O Fatah muitas vezes é seu rival político, exercendo controle da Cisjordânia e concordando com uma criação de dois Estados – Israel e Palestina. Desde a morte do seu fundador, Yasser Arafat, em 2004, a Autoridade Palestina é controlada por Mahmoud Abbas. Por sua vez, o Hamas não reconhece Israel e defende um único Estado palestino, cuja área ocuparia onde hoje estão Israel, a Faixa de Gaza e a Cisjordânia.
As duas facções romperam relação em 2007, mas em abril deste ano, o Hamas fez um acordo de reconciliação com o Fatah, resultando em um governo de unidade nacional.
Porém, não se pode ignorar que o grupo de Abbas também tem um braço armado e publicou no início do mês um vídeo no YouTube mostrando seu enorme arsenal. Usando o nome de os Mártires das Brigadas de Al-Aqsa, a “ala militar” do Fatah, declarou sua decisão de reforçar as atividades militares caso o conflito com Gaza seja retomado.
No vídeo é mostrada uma “sala de operações conjuntas” em Gaza, onde os terroristas do Fatah exibem orgulhosamente lançadores de foguetes, e foguetes antitanque, rifles de assalto e dispositivos de comunicação portáteis.
Um dos soldados diz que “o rifle” foi e continua sendo a única opção para “libertar as terras ocupadas”, e que o Fatah nunca abandonou o caminho do terrorismo violento. Com isso, fica provado mais uma vez que o Hamas não está sozinho em suas ameaças. Além dele, já foi detectada a participação da organização terrorista Estado Islâmico na região.
Caso o conflito seja retomado esta semana, como anunciou o Hamas, na Judéia e Samaria, as Brigadas dos Mártires de Al-Aqsa farão “guerra aberta” contra o Estado judeu. Até agora Abbas e seu exército tem se mantido quase neutro em relação aos tratados de paz. Porém o atual cessar-fogo estabelecido em 11 de agosto foi estendido quinta-feira por cinco dias e expira nesta segunda-feira à meia-noite (18h00 no horário de Brasília).
Mas a posição da Fatah continua sendo a mesma da Carta da Organização de Libertação da Palestina (OLP), de 1968, que anunciava “luta armada” e “revolução armada”, declarando “a luta armada é a única maneira de libertar a Palestina”, e exortando os árabes locais para “estarem preparados para a luta armada”. É bem verdade que durante os Acordos de Oslo, em 1993 o Fatah deixou de ser considerado uma organização terrorista passando a ser apenas um partido político. Foi justamente isso que motivou o surgimento dos Mártires de Al-Aqsa.