Farsa do Dia Nacional: Encontro frio entre líderes comunistas rivais

03/10/2014 13:15 Atualizado: 07/12/2014 15:18

Na recepção anual do Dia Nacional realizada no Grande Salão do Povo em 30 de setembro, os principais líderes chineses presentes pareciam estar afiando suas armas enquanto nas aparências comemoravam o 65º aniversário da fundação da República Popular da China.

Estiveram presentes: o secretário-geral Xi Jinping, o premiê Li Keqiang, os cinco outros membros do Comitê Permanente do Politburo e todos os 25 membros do Comitê Central do Politburo do Partido Comunista Chinês (PCC).

Muitos funcionários aposentados também estiveram presentes, incluindo Hu Jintao e Wen Jiabao, o líder chinês e o primeiro ministro, respectivamente, da administração anterior à atual. Outros presentes incluíram figuras como: o ex-primeiro-ministro Li Peng, ex-chefe do Congresso Popular Nacional Wu Bangguo, o ex-vice-presidente Zeng Qinghong e o ex-líder chinês Jiang Zemin.

A presença de Jiang Zemin foi recebida com surpresa. Ele não tem sido visto em público desde maio deste ano, quando se encontrou com o presidente russo Vladimir Putin. Por meses tem havido especulações de que Jiang estaria doente ou teria falecido. Mais recentemente, foi dito que ele estaria sob prisão domiciliar.

Na recepção, Xi Jinping brindou com Hu Jintao e Jiang Zemin. Enquanto Hu era todo sorrisos, Jiang manteve uma expressão impassível, conforme reportado pelo Ming Pao, um jornal de Hong Kong.

“As pessoas não devem se enganar com esta aparente harmonia e unidade. Observando suas expressões severas, é evidente que cada um deles tinha mais ansiedade do que qualquer outra coisa em suas mentes”, disse Zhou Xiaohui, um comentarista do Epoch Times, referindo-se aos convidados da recepção. “É provável que eles não estivessem nada entusiasmados ao sentarem-se juntos, pois todos sabem que por trás deste encontro glamoroso está ocorrendo uma luta de vida ou morte.”

“Ninguém pode garantir que aqueles que estão sentados entre as elites hoje não serão presos amanhã”, disse Zhou Xiaohui.

No dia 30 de setembro, o dia da recepção nacional, o Comitê Provincial de Inspeção Disciplinar de Shandong publicou em seu website a notícia de que o funcionário Han Kefeng foi afastado do cargo e expulso do PCC por graves violações da disciplina e da lei.

Han Kefeng foi vice-diretor da Agência 610 na cidade de Haiwu, na província de Shandong. A Agência 610 é um órgão extralegal do PCC criado exclusivamente para perseguir o Falun Gong na China.

Em julho de 1999, Jiang Zemin lançou uma campanha para erradicar o Falun Gong, uma disciplina espiritual tradicional chinesa. O líder chinês Xi Jinping tem expurgado vários funcionários alinhados com a facção de Jiang Zemin, incluindo autoridades na Agência 610, como Han Kefeng, o que atinge diretamente o ex-líder Jiang Zemin.

Para Jiang, essas perdas não são uma mera questão de influência. De acordo com fontes do PCC, Jiang e sua facção querem evitar ser responsabilizados pelos crimes que cometeram na perseguição brutal ao Falun Gong.

Zhou observou que no ano passado a recepção do Dia Nacional foi atendida apenas pelos líderes políticos incumbentes, e nenhum funcionário aposentado apareceu.

Segundo Zhou, o Partido Comunista Chinês sempre mostra uma frente unida quando o Partido enfrenta uma crise. Este ano não foi exceção, protestos de grande escala em Hong Kong, ecoando os acontecimentos ocorridos na Praça da Paz Celestial em Pequim em 1989 poderiam inflamar os protestos já frequentes em toda a China continental e provocar o colapso do Partido Comunista.

“Em outubro do ano passado, [o ex-chefe da segurança pública] Zhou Yongkang apareceu em público… Logo depois, muitas pessoas associadas a Zhou foram investigadas”, comentou um internauta chinês no website de microblog Weibo. “Para alguém aparecer apenas depois de uma longa ausência da vista pública, isso significa que esta pessoa perdeu completamente sua liberdade – o fim está próximo depois de sua aparição.”

Zhou Yongkang foi um dos homens de confiança de Jiang Zemin e seu braço-direito na perseguição ao Falun Gong. Ele apareceu na mídia ocasionalmente no último ano, por exemplo, quando visitou sua alma mater pelo aniversário de 60 anos da instituição em 1º de outubro ou quando se encontrou com a família do falecido astrônomo-pesquisador Huang Rungan, que falecera no mesmo mês.

Em novembro, ele voltou a aparecer na mídia estatal oficial, expressando condolências pela morte de Wang Chengxu, o ex-vice-presidente da Conferência Consultiva Política Popular na província de Zhejiang.

Em julho deste ano, as autoridades chinesas anunciaram que Zhou estava sob investigação. Esta investigação, no entanto, foi iniciada em agosto de 2013, conforme relatado pela mídia chinesa.

Xu Caihou, o ex-vice-presidente do Comitê Militar Central, fez uma aparição de destaque numa cobertura da celebração do Ano Novo Chinês para oficiais militares aposentados em Pequim, com a participação do líder Xi Jinping.

Em junho deste ano, a agência de notícias estatal Xinhua anunciou que a filiação partidária de Xu Caihou foi revogada e ele estava sob investigação desde março. Ele é o oficial militar de mais alta patente submetido à corte marcial na história da República Popular da China.

Como Zhou Yongkang, Xu Caihou tem laços estreitos com Jiang Zemin. Em comentários publicados anteriormente pelo Epoch Times, o analista político Cheng Xiaonong disse: “Xu Caihou foi promovido por Jiang Zemin, e sob o mando de Jiang, Xu foi encarregado de promover numerosos oficiais militares.”

“Xu Caihou pertence a Jiang Zemin. Eles compõem um grupo, e defendem [seus interesse] mutuamente”, concluiu Cheng.