O Fantástico, pela segunda semana seguida, faz um carnaval sobre um “escândalo” de corrupção numa cidade de 11 mil habitantes no interior do Paraná. Onze mil habitantes! Ou seja, a cidade inteira não encheria metade do Pacaembu. As Organizações Globo, por exemplo, têm 25 mil funcionários, ou mais do que o dobro da população de São Jerônimo da Serra.
Depois de dar ares de escândalo nacional para corrupção numa cidade com menos moradores que um condomínio de cidade grande, o Fantástico conseguiu o afastamento do prefeito Adir Leite. Ganha uma coxinha opressora quem adivinhar qual é o partido dele.
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Como não poderia deixar de ser, a produção descobriu que Adir Leite (PSDB) comprava o apoio dos vereadores da cidade com combustível para os carros deles. O que é o Mensalão e o Petrolão perto de um prefeito do interior que enche o tanque do fusca de um vereador em troca de voto? Vinte mil pessoas na Avenida Paulista protestando contra Dilma? Deixa pra lá. Corrupção de um prefeito tucano numa cidade com 11 mil habitantes? Escândalo!
É óbvio que todo corrupto deve ser processado e pagar por seus crimes, ninguém está acima da lei e é claro que a população de São Jerônimo da Serra merece ter seu dinheiro de volta. Para quem é jeronimense não há nada mais importante do que isso, mas e para quem não é? O Brasil tem 5.570 municípios, o Fantástico vai investigar todos e descobrir todo vereador que teve o tanque do carro completado pelo prefeito? Ou quem ganhou um saco de bala Juquinha?
Um dos trabalhos mais sérios já feitos sobre o viés ideológico na imprensa foi feito pelo professor da UCLA e PhD Tim Groseclose, que também lecionou em Harvard e Stanford, mas não espere que qualquer professor de jornalismo do Brasil indique a leitura. Seu livro “Left Turn: How Liberal Media Bias Distorts the American Mind” mostra, a partir de uma metodologia científica de análise dos principais veículos americanos, como o noticiário pode ser manipulado para doutrinar politicamente os leitores, com consequências diretas nas eleições.
Segundo o autor, a maneira mais comum que os jornalistas encontram para fabricar notícias é selecionar, na edição, o que é notícia e o que não é. Depois, é só escolher como fonte das matérias especialistas e organizações alinhadas ideologicamente com os jornalistas para que dêem o foco que pretendem dar para a matéria. Tenho certeza de que qualquer um de vocês vê isso acontecer todos os dias, como nessa matéria do Fantástico, não é preciso ser um expert. E é por isso que a pluralidade de fontes de informação é tão importante.
O Brasil precisa desesperadamente de alternativas para se informar. Se só a VEJA, uma única revista, já é suficiente para fazer um terremoto por semana, imagine um único canal de TV não alinhado com o governo. Até lá, esqueça o Petrolão e vamos falar de São Jerônimo da Serra.
Editado por Epoch Times