Falun Gong, ‘venha se posicionar conosco’

18/11/2013 07:29 Atualizado: 18/11/2013 07:36

A falta de liberdade na China incomoda Patrick Gualtieri há um longo tempo. Este defensor dos veteranos experimentou pessoalmente o aperto sufocante do regime na liberdade individual. Isso ocorreu durante uma turnê na China anos atrás.

“Eu estive na China muitos anos atrás e vi o que não era permitido”, disse Gualtieri. Quando cantores que o acompanhavam cantaram o hino nacional americano, ele teve problemas com seus anfitriões chineses. “Eles ficaram loucos… Eu fui repreendido e eu tive de ir ver as autoridades.”

As autoridades ficaram chateadas com as apresentações musicais que chamaram de propaganda. Como um convidado para jantar, Gualtieri disse que o irmão do ex-líder chinês Deng Xiaoping deixou claro para ele que eles estavam sendo observados atentamente. Gualtieri sentiu o peso esmagador da opressão comunista. Numa terra estranha, ele se sentiu vulnerável e sozinho.

Em 2004, Gualtieri viu praticantes do Falun Gong nas ruas de Nova York, protestando contra a perseguição a sua disciplina espiritual na China, que é também conhecida como Falun Dafa. Ele viu pessoas em gaiolas demonstrando como os adeptos da prática são torturados pelo regime chinês. Ele imediatamente compreendeu. “Sim, sim! Eu sei disso!”, disse Gualtieri, lembrando sua reação. E acrescentou: “Eles somem com vocês e ninguém mais ouvirá a seu respeito!”

Veterano da Guerra do Vietnã, Gualtieri tem trabalhado na organização dos desfiles do Dia dos Veteranos na cidade de Nova York desde 2000. Ele é diretor-executivo do Conselho dos Veteranos de Guerra Unidos.

Gualtieri decidiu convidar os praticantes do Falun Gong para participar do desfile anual do Dia dos Veteranos. Ele queria que os praticantes do Falun Gong fossem vistos com os veteranos, sinalizando que estavam sob sua proteção. Ele disse que queria enviar uma mensagem: a China está torturando essas pessoas, mas Falun Gong, “venha se posicionar conosco”.

“Para mim, esta foi minha maneira de dizer… vocês não farão isso com essas pessoas”, disse Gualtieri. “Se você se posiciona com a América, você se posiciona com os veteranos.”

Gualtieri disse que ele também quer que os americanos entendam que a China não é livre. “As pessoas nos Estados Unidos não sabem”, disse ele.

“A liberdade religiosa não existe naquele país”, disse Gualtieri. Ele desconta o crescimento econômico da China na total ausência de liberdade religiosa. Ele disse que não quer que os americanos sejam enganados em acreditar na imagem florida da China que seus líderes exibem.

Forte impacto

Anunciado como “Desfile da América”, o desfile do Dia dos Veteranos em Nova York é o maior evento em honra aos veteranos. Mais de vinte mil pessoas marcharam na parada de 11 de novembro. O desfile é um evento anual que honra os veteranos.

O general Raymond Odierno, Chefe do Estado Maior, se juntou ao evento, marchando ao lado do governador nova-iorquino Andrew Cuomo. A primeira mulher general de quatro estrelas, Ann Dunwoody, foi a grande marechal do desfile.

Crystal Liu, uma praticante do Falun Gong, participa do desfile do Dia dos Veteranos desde que o grupo foi convidado pela primeira vez em 2004. Os praticantes realmente apreciam o ambiente livre nos Estados Unidos para praticar o Falun Gong, disse Liu. Isso é algo que “não temos na China”.

Liu é responsável no desfile por uma ala do Falun Gong conhecida como ‘beldades celestiais’, que consiste num grupo de jovens mulheres em vestidos tradicionais chineses. Liu disse que, na cultura chinesa, as pessoas têm o conceito de “beldades celestiais lançando flores”. De acordo com Liu, estas divindades celestiais lançam flores no céu enquanto as pessoas na terra recebem bênçãos.

Representando as divindades no desfile do Dia dos Veteranos, ela espera trazer “bênçãos do céu para todas as pessoas na plateia”. Ao longo dos anos, os praticantes do Falun Gong têm sido muito gratos em aceitar o convite do Conselho dos Veteranos de Guerra Unidos. Liu disse que os adeptos da prática querem mostrar respeito aos veteranos.

Este ano, cerca de 200 praticantes do Falun Gong marcharam na parada. Praticantes trouxeram faixas que destacavam os princípios fundamentais do Falun Gong – verdade, compaixão e tolerância. As faixas também pediam o fim da perseguição à prática na China, que começou em 1999 e prossegue até hoje.

A participação do Falun Gong também incluiu uma equipe de dança do leão, um time de 25 componentes com bandeiras, uma banda de tambores de cintura tradicionais chineses e um grupo demonstrando os exercícios pacíficos e suaves que fazem parte da prática do Falun Gong.

“Pessoalmente, quando os vejo passando pela 5ª Avenida, eu sinto grande orgulhoso por eles”, disse Gualtieri.