Falsos investimentos, especulação imobiliária e fuga de capitais estão levando a economia chinesa ao precipício

10/03/2013 17:26 Atualizado: 11/03/2013 19:20
Agentes imobiliários orientam potenciais compradores numa feira de imóveis em Pequim, China, em 10 de abril de 2010 (Feng Li/Getty Images)

Saídas ilícitas de capitais na casa dos trilhões, falsos investimentos estrangeiros e especulação imobiliária alimentada pela corrupção e lavagem de dinheiro estão levando a economia chinesa à beira do colapso, dizem especialistas.

Desde sua reforma econômica no final dos anos 1970, a China tem dependido fortemente do investimento estrangeiro para bombear seu PIB. Mas hoje, enormes capitais que têm sido extraídos da China por meios ilícitos são frequentemente reinvestidos no país, disfarçados como investimento estrangeiro direto (IED). Ao mesmo tempo, empresas e oficiais corruptos, que roubaram dinheiro em inúmeros esquemas, desfrutam dos benefícios e incentivos que o regime chinês oferece para atrair capital estrangeiro. Este “dinheiro que sai e volta” aterrissa tipicamente no desenvolvimento imobiliário especulativo, que promete retornos rápidos e elevados.

Esta hemorragia da economia chinesa contabilizou 3,79 trilhões de dólares em saídas financeiras ilícitas de 2000 a 2011, segundo um relatório de outubro de 2012 da Integridade Financeira Global.

A publicação chinesa Observador Econômico citou um relatório interno da Comissão Central de Inspeção Disciplinar que disse que 1 trilhão de dólares saíram ilegalmente da China apenas em 2012, um aumento significante dos 600 bilhões de dólares evadidos em 2011 e dos 412 bilhões de 2010. Este relatório oficial previu que o número possa crescer para o espetacular valor de 1,5 trilhão de dólares em 2013.

O relatório da Integridade Financeira Global associou as maciças fugas ilícitas aos IEDs “que saem e voltam”, dizendo que isso prejudica a economia porque esses investimentos “normalmente não geram muito emprego ou transferência significativa de conhecimento técnico que aumente a capacidade produtiva da economia”.

Esse tipo de IED existe desde 2004, segundo o economista Cheng Xiaonong,  ex-assessor do falecido ex-líder chinês deposto e reformista Zhao Ziyang.

Uma investigação de Cheng Xiaonong de todos os investimentos estrangeiros entre 1991 e 2008 levou a uma constatação alarmante: desde 2007, cerca de 70% do IED registrado na China originou-se de paraísos fiscais ou centros financeiros no estrangeiro, como Bahamas, Ilhas Cayman e Ilhas Maurícias.

Apenas cerca de 30% do IED em 2008 era capital estrangeiro genuíno, o restante 70% era falso, disse Cheng Xiaonong à Rádio France International. Ele calculou que a porcentagem de IED falso subiu para 80-90% em 2012.

A maior parte deste dinheiro provém de empresas de fachada que são registradas por oficiais chineses corruptos em paraísos fiscais no estrangeiro. Essas empresas ocas então transferem o dinheiro lavado de volta para a China como IED. É por isso que as reservas cambiais chinesas se mantêm elevadas apesar das maciças saídas ilícitas, explicou Cheng Xiaonong.

O Dr. Frank Xie, que leciona administração na Universidade da Carolina do Sul-Aiken, disse numa entrevista recente à NTDTV que este IED “que sai e volta” explora a economia chinesa de várias maneiras.

Primeiro, este IED goza de benefícios fiscais e facilidades de transferência de terras. Segundo, se um investimento gera lucros, estes serão transferidos de volta ao exterior para um paraíso fiscal. Terceiro, se bens são produzidos para exportação, o investidor pode tirar vantagem de políticas de redução fiscal para exportação, disse Frank Xie.

Referindo-se à influência deste tipo de IED sobre a economia chinesa, Frank Xie concorda que este investimento estrangeiro falso também falseia o aumento do PIB da China, enquanto o impacto real sobre a economia é de fato prejudicial ao invés de benéfico.

Cheng Xiaonong concordou, dizendo que essa influência distorce toda a estrutura econômica da China, uma vez que este IED flui principalmente para a especulação imobiliária. Isso tende a inflar a bolha imobiliária e criar crescimento enganoso de curto prazo nas indústrias associadas à construção, como os setores de aço, cimento, etc., disse ele. Em sua opinião, muitos chineses e indústrias trabalham arduamente, mas seus esforços acabam essencialmente ajudando oficiais corruptos a acumularem bens imobiliários.

Abordando as preocupações adicionais sobre o inflado mercado imobiliário chinês, Cheng Xiaonong disse que oficiais corruptos têm investido muito mais em habitação do que poderão usufruir ou revender ao se aproveitarem de esquemas de empréstimo de dinheiro e empreendimentos imobiliários especulativos. Além disso, eles se beneficiam de créditos fiscais caso suas propriedades vendam ou não. Essa é outra razão por que a China agora tem dezenas de milhões de casas vendidas para investimento, mas que permanecem inabitadas, transformando o mercado numa gigantesca bolha imobiliária que é na verdade uma potencial bomba, no ponto de vista de Cheng Xiaonong.

Ele advertiu ainda que, uma vez que a bolha imobiliária estoure, o impacto será amplo e profundo, pois empréstimos imobiliários de oficiais corruptos são financiados com os depósitos bancários do povo chinês. Quando isso acontecer, dezenas de trilhões de dólares das poupanças do povo chinês irão pelo ralo e a China terá de enfrentar uma crise econômica dez vezes mais grave do que aquelas no Japão e nos Estados Unidos, previu Cheng Xiaonong.

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