‘A123 Systems’ assegura financiamento de 450 milhões de dólares
A companhia A123 Systems, uma fabricante de sistemas avançados de bateria usados predominantemente em carros elétricos, assegurou um acordo financeiro muito esperado na quarta-feira.
Também na quarta-feira, a empresa informou uma perda líquida para o segundo trimestre de 82,9 milhões de dólares. A empresa havia alertado em julho que ficaria sem dinheiro para continuar suas operações, segundo um artigo da Reuters.
As ações da empresa caíram de 5 dólares em setembro do ano passado para cerca de 0,50 dólares esta semana, enquanto investidores temem a possibilidade de falência. A companhia A123 já havia recebido uma doação de 249 milhões de dólares do Departamento de Energia dos EUA como parte da ‘Iniciativa de Fabricação de Componentes e Bateria Elétricos’ sob a administração Obama.
Diante deste cenário sombrio, a gestão e os investidores ficaram aliviados ao verem o anúncio de um Memorando de Entendimento (MOU) do Grupo Wanxiang, que verá a fabricante chinesa de componentes automotivos investir um total de até 450 milhões de dólares na A123. A maior empresa privada chinesa, a Wanxiang tem receita de mais de 13 bilhões de dólares e 45 mil funcionários em todo o mundo.
“O anúncio de hoje é o primeiro passo para solidificar um acordo estratégico que acreditamos poderá remover a incerteza relativa à situação financeira da A123”, disse David Vieau, CEO da A123, no comunicado de imprensa. “Um investimento substancial de capital da Wanxiang não só garantirá estabilidade financeira para a A123 enquanto continuamos a crescer, mas também nos alinhará com uma grande marca de sucesso mundial nos setores automotivo e de tecnologia limpa.”
Weiding Lu, CEO do Grupo Wanxiang, também foi otimista, “Este MOU é o primeiro passo para um acordo de longo prazo que pretende edificar-se nas fundações que a A123 estabeleceu nos EUA e ajudar a expandir as capacidades da empresa, tanto doméstica como internacionalmente.”
Reações de cautelosa enquanto investidores temem diluição
As ações da A123 terminaram o dia 6,4% acima, um aumento insignificante em relação à natureza do negócio. Isso provavelmente tem a ver com a estrutura do investimento, que verá a Wanxiang fornecer um empréstimo imediato de 25 milhões de dólares que será seguido de outro de 50 milhões após o fechamento do negócio.
O principal investimento, no entanto, virá na forma de 200 milhões de dólares em títulos conversíveis que serão convertidos em ações ordinárias uma vez que o negócio for resolvido por todas as entidades reguladoras competentes e corporativas.
Apesar do fato de que outros títulos conversíveis no valor de 140 milhões de dólares serão aposentados no processo no final de 2012, ainda há um efeito de diluição significativo, pois o lucro por ação de acionistas existentes será reduzido com a emissão de novas ações no processo de conversão e devido ao pequeno mercado de capitalização da empresa de apenas 73 milhões de dólares. Um extra de 175 milhões pode ser investido por meio de mandado, que continuará a diluir os títulos existentes.
Risco de execução agiganta-se
Além disso, a A123 só receberá o financiamento inicial de 25 milhões de dólares se o Comitê de Investimentos Estrangeiros nos Estados Unidos (CFIUS) aprovar a transação.
As parcelas seguintes de investimento dependerão da aprovação do comitê, que é parte do Tesouro dos EUA e tem de “determinar o efeito de tais operações sobre a segurança nacional dos Estados Unidos”, conforme indicado no website do departamento. Uma vez que a A123 e a Wanxiang concordarem com os termos finais, eles podem se aproximar do CFIUS, que então iniciará uma revisão de 30 dias. A decisão pode ser feita durante esse período, mas é possível que o comitê inicie uma investigação de 45 dias, que num caso extremo pode ser ampliada pelo presidente dos EUA.
Em transações anteriores, a oferta da Lenovo pelos negócios de computação da IBM foi aprovada durante o período de 30 dias em 2005, mas outra grande fusão não passou no mesmo ano. A oferta da gigante petrolífera e estatal chinesa CNOOC pela companhia de exploração de petróleo Unocal, baseada na Califórnia, que mais tarde foi adquirida pela Chevron, não foi explicitamente bloqueada pelo CFIUS, mas mesmo assim não foi bem sucedida. De acordo com o escritório de advocacia WilmerHale, o conselho da Unocal rejeitou a oferta maior da CNOOC em favor da oferta da Chevron pois havia preocupações com a recusa do CFIUS.
Um representante do comitê não pôde ser contatado para comentar o assunto.