Grandes vertebrados estão sendo extintos rapidamente nos pequenos fragmentos florestais remanescentes após o desmatamento em massa no Brasil.
Liderada pela Universidade de East Anglia (UEA) da Inglaterra, uma equipe internacional de cientistas avaliou os efeitos em longo prazo da caça e da fragmentação florestal sobre a biodiversidade tropical da Mata Atlântica no Brasil.
Cerca de 90% da área foi desmatada para a agricultura, pasto e desenvolvimento com a maioria dos fragmentos remanescentes sendo menores que um campo de futebol. Em média, essas manchas continham apenas quatro das 18 espécies de mamíferos que foram pesquisados.
“Descobrimos um processo de escalonamento nas extinções locais de mamíferos de médio e grande porte”, disse o coautor Gustavo Canale da Universidade Estadual de Mato Grosso (UNEMAT) num comunicado de imprensa.
O estudo revelou que queixadas (ou porcos-do-mato) foram completamente extintos e outros mamíferos como onças, macacos-aranha e tamanduás estavam quase extintos.
“Pode-se esperar que fragmentos florestais com uma estrutura de copa relativamente intacta ainda suporte altos níveis de biodiversidade”, disse o autor sênior Carlos Peres da UEA no comunicado. “Nosso estudo demonstra que este raramente é o caso, a menos que esses fragmentos sejam estritamente protegidos contra qualquer pressão de caça.”
Os pesquisadores descobriram que fragmentos em áreas protegidas tinham o maior número de espécies na região.
“Recomendamos, portanto, a implementação de novas áreas de proteção integral, como parques nacionais e reservas biológicas, incluindo fragmentos florestais contendo populações de espécies ameaçadas, raras e endêmicas, particularmente as que enfrentam extinção iminente”, disse Canale.
No entanto, muitas áreas protegidas existentes estão ameaçadas de degradação e redução.
“As populações humanas estão explodindo e poucas áreas permanecem intocadas pela expansiva multiplicação do impacto humano”, disse Peres. “Portanto, é essencial reforçar a proteção em áreas que são protegidas nominalmente ‘no papel’. O futuro da vida selvagem da floresta tropical depende disso.”
O estudo foi publicado na PLoS ONE em 14 de agosto.