A expressão chinesa 尊王攘夷 (zūn wáng rǎng yí) significa “respeitar o rei e defender-se dos bárbaros”.
Essa expressão tem como base a política diplomática empregada durante o Período das Primaveras e Outonos (春秋 時代) (770-476 a.C.) na Dinastia Zhou Oriental (東周) (770-221 a.C.), ou seja, na segunda parte da Dinastia Zhou (周朝).
Essa foi uma época de caos, violência e guerras, em contraste com o período anterior quando havia grande unidade e estabilidade política – durante o período Zhou Ocidental (西周) (aproximadamente do século 11 a.C. até ano 770 a.C.) –, quando os virtuosos reis Zhou gradualmente expandiram seus territórios e foram venerados como governantes do supremo império sob o mandato do céu.
Esse Império Zhou desapareceu gradualmente, à medida que seus estados feudais se tornaram cada vez mais poderosos e desafiaram a liderança do governo central.
Os estados vassalos tornaram-se estados essencialmente independentes, mergulhados em conflitos internos e lutas entre si num esforço para obter mais poder e estabelecer domínio sobre os outros.
Na época, o território chinês estava frequentemente ameaçado por invasões estrangeiras de tribos nômades “bárbaras”, como a Di (狄 ou 翟) e a Rong (戎).
A casa real de Zhou, ao final, perdeu quase toda sua autoridade no século 8 a.C.
Duas figuras centrais para o desenvolvimento político nesse período foram Guan Zhong (管仲) e o Duque Huan (齊桓公) do estado de Qi (齊國). Guan foi o brilhante primeiro-ministro do estado de Qi entre 685-645 a.C., servindo sob o governo do Duque Huan, que governou de 685 a 643 a.C.
Guan impulsionou grandes reformas que ajudaram o estado de Qi a se tornar o mais forte da China, com grande produtividade agrícola, rico comércio e um poderoso exército. Guan também baseou suas decisões políticas em princípios morais, assim como aconselhou o Duque Huan.
O Duque Huan tornou-se tão respeitado que passou a ser considerado como o líder dominante, chamado de “hegemônico” (霸 ou 伯), entre os senhores feudais (諸侯) dos estados vassalos de Zhou.
Neste contexto, “respeitar o rei e defender-se dos bárbaros” era a política mais notável defendida por Guan, que pediu e promoveu a lealdade ao rei de Zhou e a seu sistema patriarcal, bem como à resistência às tribos estrangeiras consideradas um inimigo comum.
Com riqueza econômica e força militar, e com políticas diplomáticas baseadas em fundamentos morais, o Duque Huan foi capaz de unir a maioria dos estados num sistema de aliança, no qual o estado de Qi atuava como uma autoridade central para resolver os conflitos entre os estados-membros e ajudar a manter a paz.
Essa aliança fortaleceu os estados-membros contra os estados não-membros e os invasores estrangeiros.
Tempos depois, Confúcio elogiou Guan Zhong, afirmando: “Se não fosse por Guan Zhong, estaríamos usando penteados e vestuário como o dos bárbaros.”