A expressão idiomática chinesa “apontar um cervo e chamá-lo de cavalo” (指鹿為馬, zhǐ lù wéi mǎ) refere-se a confundir entre o certo e o errado, à deliberada deturpação da verdade ou a distorcer os fatos com segundas intenções.
Esta expressão surgiu durante a Dinastia Qin (秦朝) (221-206 a.C.), após a morte de Qin Shihuang (秦始皇), o primeiro imperador da dinastia e também da China unificada, depois que Qin conquistou todos os reinos vizinhos no período.
Durante o reinado de Qin Ershi (秦二世), literalmente o “segundo imperador da Dinastia Qin”, entre 210 e 207 a.C., o primeiro-ministro Zhao Gao (趙高) mostrou-se um homem ambicioso e empenhado em usurpar do poder.
Ele conspirava para assumir o trono, mas temia que funcionários da corte se opusessem a isso. Por isso, ele inventou um modo para identificar quem o apoiava e quem não o apoiava, bem como para determinar sua influência no corte do imperador.
Um dia, numa excursão com o imperador, ele montou num cervo em vez de num cavalo. O imperador perguntou: “Primeiro-ministro, por que você está montado num cervo?”
Zhao Gao respondeu: “Vossa Majestade, mas é um cavalo.”
O imperador disse: “Você está enganado! É certamente um cervo!”
Zhao Gao respondeu: “Se Vossa Majestade não acredita em mim, então perguntemos aos ministros.”
Então, os ministros foram convidados a opinar. Metade disse a verdade, que era um cervo, enquanto a outra metade, temendo Zhao Gao ou apoiando-o, disse que era um cavalo.
Diante desta situação, o imperador realmente duvidou de si mesmo e optou por não acreditar em nos próprios olhos, mas acreditou nas palavras do traiçoeiro ministro.
Desde então, a expressão “apontar um cervo e chamá-lo de cavalo” é usada para descrever uma situação em que alguém inverte o preto pelo branco, coloca a verdade de ponta cabeça, a fim de enganar ou manipular os outros.