Enquanto outros bailarinos clássicos chineses em geral têm fundamentos moderados, a bailarina Miranda Zhou-Galati, de ascendência chinesa e italiana, tem um matiz cultural rico e colorido. Ela cresceu no Canadá e, apesar de seu histórico poder parecer em desacordo com a dança clássica chinesa, a Sra. Zhou-Galati tem um dom artístico extraordinário e uma compreensão profunda da antropologia da dança chinesa.
Um dos principais componentes da dança clássica chinesa é a compostura, o espírito interior transmitido na genética cultural do patrimônio chinês. A compostura é retratada por meio da respiração, da aura e das expressões íntimas e profundas que caracterizam o povo chinês.
“Eu cresci no Canadá e sou meio-italiana”, disse Zhou-Galati. “Para os chineses, isso está neles. Mas eu tive de realmente penetrar na história para compreender e aprender com a vida cotidiana da antiga cultura chinesa.”
A dança étnica Yi
A Sra. Zhou-Galati é uma das bailarinas principais que atuam pelo Shen Yun Performing Arts, uma companhia nova-iorquina de dança clássica chinesa que tem como missão reviver os 5 mil anos da cultura chinesa.
“Isso é muito importante para o povo chinês”, disse ela.
Miranda já interpretou a dança étnica Yi pelo Shen Yun, um dos grupos étnicos mais antigos da China. Com uma história de 3 mil anos, os Yi são conhecidos por seu dom natural pela música e pela dança, que estão imbuídos em suas vidas cotidianas. Muitos dos movimentos da dança Yi são imitações de rotinas diárias, como o ‘passo de bater o trigo’, que é inspirado nas colheitas anuais.
Ela abraçou a cultura Yi tão bem que foi escolhida para ser a bailarina principal da peça.
É parte da cultura Yi buscar incessantemente ocasiões para “dançar seus sentimentos” e a Sra. Zhou-Galati capturou a essência dessa cultura com sua dança. “Acho que é muito importante usar o coração quando se dança”, diz ela.
Uma cultura antiga enraizada na espiritualidade
A espiritualidade está profundamente entrelaçada com a cultura chinesa. Desde a caligrafia, o papel, a agricultura… – os chineses acreditam que sua cultura é de inspiração divina.
“Mas tanto foi destruído [sob o Partido Comunista Chinês] que o povo chinês não mais acredita no divino e isso cortou a raiz da cultura tradicional”, disse ela.
A Sra. Zhou-Galati disse que seu segredo para capturar a essência da cultura chinesa é que ela cultiva um padrão moral elevado, como se vivesse a vida ancestral chinesa.
“Muitas pessoas não pensam mais sobre isso”, disse ela. “O Shen Yun realmente está trazendo de volta e revivendo a cultura chinesa perdida.”
“Quando as pessoas assistem a nosso show, isso realmente toca seu coração, mesmo que seja algo impalpável”, diz ela.
Além do cultivo da compostura e do amplo conhecimento da herança chinesa, a técnica é outro aspecto importante da dança clássica chinesa. Como dançarina clássica, é necessário dominar uma série de complicadas manobras acrobáticas, saltos, giros e mortais, além de várias combinações destes.
Miranda demonstra sua técnica soberba na dança ‘Mangas de Água’, em que ela também atuou como bailarina principal.
Como extensões dos braços dos dançarinos, mangas rosadas de seda agitam-se no ar e fluem suavemente em contornos ondulantes. Os bailarinos voam pelo palco para formar a cena final das Mangas de Água. Eles cercam a Sra. Zhou-Galati, que numa fração de segundo chuta a perna para o ar. E sem dobrar os joelhos, ela pega sua perna, puxa-a contra o corpo e a segura lá com facilidade natural.
Os bailarinos deixam o palco, a música silencia, a cortina começa a cair, mas como uma escultura, a postura da Sra. Zhou-Galati perdura, uma imagem congelada de elegância.
Ao longo dos anos, a Sra. Zhou-Galati passou incontáveis horas aperfeiçoando posturas técnicas como essa. Ela usa pelo menos 10 pares de sapatos de dança durante uma temporada de atuações.
Miranda também compete regularmente na Competição Internacional de Dança Clássica Chinesa da NTDTV.
A competição da emissora NTD é a única plataforma internacional e independente de dança clássica chinesa. Diferente das danças em muitos outros programas, essa competição consiste principalmente em solos e ocasionais duetos. Mas o evento compartilha a mesma missão do Shen Yun: reviver a cultura tradicional chinesa suprimida e em grande parte destruída durante mais de 60 anos de regime comunista, especialmente durante a Revolução Cultural.
Em 2009, a Sra. Zhou-Galati ganhou prata na competição. Em 2010, ela ganhou ouro com um solo chamado ‘O Retorno de Mulan’.
Como muitas outras lendas chinesas, Mulan é uma personalidade com uma história famosa, que é transmitida para ensinar lições morais, como a piedade filial. “Histórias desempenharam uma parte importante da tradição chinesa”, diz Miranda.
“Mulan retrata a coragem”, acrescentou ela, que acredita que o povo chinês não teria uma forte compreensão de coragem sem a história de Mulan.
A Sra. Zhou-Galati diz que não há nada que ela gostaria mais de fazer do que “preservar e transmitir essa cultura maravilhosa ao mundo”. “Isso é muito importante para o povo chinês”, reforça ela.
Ela diz que sente ser essa sua vocação e se felicita de ter a oportunidade de participar nessa importante missão. “Espero que possamos levar isso de volta à China um dia e atuar lá”, diz ela.
Para mais informações, visite: ShenYunPerformingArts.org