Explosão de perseguição afeta cristãos na China

28/01/2014 13:04 Atualizado: 28/01/2014 13:04

No final de novembro de 2013, após o discurso de um alto funcionário do Partido Comunista Chinês garantir a tolerância do Partido às religiões, o regime reprimiu ainda mais severamente os tibetanos, uigures e praticantes do Falun Gong. Agora, as igrejas cristãs registradas e os cristãos domésticos estão sendo atormentados por toda a China.

O discurso do diretor da Secretaria Estatal de Assuntos Religiosos, Wang Zuoan, publicado na mídia estatal Diário do Povo, reconheceu o valor das pessoas religiosas para a sociedade chinesa e pediu seu apoio na realização do ‘Sonho da China’, o objetivo da liderança atual de revitalizar a China. Embora os comentários de Wang pareçam sugerir maior tolerância à religião, a realidade provou-se bem diferente.

Um professor religioso tibetano bastante popular foi espancado até a morte enquanto estava sob custódia em Lassa e muitos outros monges foram detidos menos de três semanas depois do discurso de Wang. Enquanto isso, 14 uigures foram mortos num incidente em Xinjiang, provocado por um policial que levantou o véu de uma mulher.

Desde 21 de janeiro, o Minghui.org (um site gerido pelo Falun Gong, que reporta sobre a perseguição à prática espiritual) recebeu relatos de 228 prisões, 33 “julgamentos”, resultando em 16 sentenças de prisão ilegais, 16 detenções em centros de lavagem cerebral e três casos de morte relatados, todos esses casos apenas em janeiro.

Em meados de novembro, Zhang Shaojie, um pastor popular de uma igreja cristã sancionada pelo Estado na província de Hunan, foi detido pelas autoridades, juntamente com membros da igreja, mas nenhuma acusação foi anunciada.

Em dezembro, um grupo de advogados de direitos chineses e uma equipe de notícia britânica tentou encontrar-se com Zhang, mas foram atacados por uma multidão de pessoas não identificadas, supostamente contratadas pelas autoridades locais.

O pastor, que defendia o direito da igreja à terra, será levado a julgamento em 28 de janeiro por “reunir uma multidão para perturbar a ordem pública” e sob acusação de “fraude”, disse seu advogado ao China Aid. Paroquianos dizem que as autoridades locais querem as terras da Igreja para o desenvolvimento imobiliário.

Natal e Ano Novo

Na província de Sichuan, um empregado de uma igreja doméstica não registrada foi detido em 24 de dezembro por organizar um encontro de Natal para os cristãos locais, embora tivesse informado o Esquadrão Nacional de Proteção e Segurança antes da celebração. Seu pedido de reconsideração da prisão foi negado várias vezes, informou a China Aid.

A China Aid recebeu relatos de perseguição de igrejas locais em toda a China. A polícia local invadiu uma igreja doméstica na Região Autônoma Uigur de Xinjiang em 1º de janeiro, enquanto os crentes comemoravam o Ano Novo, resultando na detenção de nove dos presentes. As autoridades estão desapropriando uma pequena igreja doméstica em Xincheng, província de Shandong. A celebração do Natal na província de Anhui foi interrompida pela polícia e alguns cristãos locais foram colocados sob detenção administrativa, informou um membro da igreja.

Em Pequim, um membro de uma igreja doméstica foi levado de sua casa e colocado sob prisão domiciliar num local diferente. Quando os amigos tentaram levar alimentos e remédios para ele na sexta-feira, quinze deles foram detidos.

Uma igreja casa em Guangzhou, província de Guangdong, informou à China Aid que a polícia interrompe suas reuniões duas vezes por semana desde o início de janeiro, enquanto os cristãos na província central de Henan dizem que têm medo de participar das reuniões locais porque vários departamentos do governo local os têm assediado.

“O diretor da Secretaria de Assuntos Religiosos está ‘cercando’ a Igreja cada vez mais ostensivamente, sem sequer ter o cuidado de salvar as aparências. A única finalidade de seu trabalho parece ser ‘escravizar’ nossa Igreja (infelizmente com muito sucesso), forçando nossos bispos e sacerdotes a traírem sua consciência e fé”, disse o cardeal Joseph Zen, bispo emérito de Hong Kong, expressando sua preocupação com a situação dos fiéis católicos na China ao AsiaNews, uma publicação do Vaticano.